Já em fase de edição hà bastante tempo, este meu "VII Raid", mais não foi que uma travessia transibérica, com a ligação da cidade de Cáceres a Castelo Branco.
Muito trabalho de pesquisa, muitas horas no terreno e lá acabou por saír. . . 162 kms de pura adrenalina, com uma altimetria que eu costumo apelidar de distendida e cerca de 45 kms de senderos, (single tracks, carreiros, veredas, riscas, o que lhe queiram chamar) que nos deu horas de enorme gozo.
Uns ainda bem visíveis, outros nem tanto, alguns foi seguir o track à risca e ainda, a ligação por searas e zonas de pasto e margaça, onde já pouco eram conhecidos os singles, mas 100% cicláveis.
Estradões percorridos a alta velocidade, bonitas povoações e muitas "fincas" com portões para abrir e fechar, também fizeram parte da aventura de hoje, assim como a passagem sorrateira e cautelosa entre manadas de gado vacum, que diga-se em abono da verdade . . . bem merecem o nosso respeito, pelo menos o meu. eh eh eh!!!
Com logística fácil, saímos de Castelo Branco, pelas 06h15, eu, o meu irmão Luís, o Silvério e o Nuno Eusébio na carrinha Mazda do irmão do Silvério que nos foi voluntáriamente descarregar a Cáceres, mais própriamente no Parque de Estacionamento do Carrefour.
Já perto das 09h00, lá partimos em direcção aos trilhos para pouco depois depararmos com uma das primeiras zonas bonitas do percurso . . . uma colónia de cegonhas junto ao Hotel Peña Cruz de Malpartida de Cáceres.
De seguida passámos por uma zona de vestígios antigos, onde se encontravam alguns sepulcros antropomórficos talhados em granito, mas que não parámos para visitar e sempre seguindo o caminho del Cintado, passámos ao lado de outra zona de ruínas, sendo a mais visível a denominada Porta do Céu.
Sempre em estradão, tomámos o caminho del Casar em direcção a Arroyo de la Luz, onde parámos para tomarmos a dose matinal, desta vez de café solo e com um sabor bem diferente do nosso.
A partir daqui, entrámos em longos kms se single tracks, de todas as maneiras e feitios . . . uns mais, outros menos visíveis, mas sempre cicláveis, pedalando com puro prazer e com a alegria estampada no rosto por sermos priveligiados com um dia soberbo de pedaladas.
Passámos entre Encinas e Vaqueril e só depois entrámos num largo estradão que nos conduziu à bonita aldeia de Brozas.
Aí entrámos e deambulámos entre ruas e ruelas, até encontrarmos a plazuela, tipo Docas cá do sítio em miniatura, abancando numa aprazível esplanada com intenção de tragar una canha e comer algo mais sólido.

Mas, ao efectuarmos o nosso pedido de bebidas, fomos brindados, bem à moda espanhola, com um platito de patatas fritas com uma série de pequenas salchichas embebidas em molho de tomate.
Houve quem franzisse o nariz, mas foi por pouco tempo, assim como o tempo que as ditas estiveram estacionadas no platito.
Havia que continuar e agora num percurso na sua maioria composto por rápidos estradões, mas ainda assim, com uns explendorosos single tracks, passámos na enorme finca de Belbis para algum tempo depois chegarmos a Alcântara.
Por coincidência, chegámos ao mesmo tempo que o nosso motorista, o irmão do Silvério, que nos fez companhia neste abastecimento.
Mais umas canhas . . . houve um alarve que se aventurou com uma caneca na parte inicial . . . e para nossa surpresa, lá veio mais um platito, desta vez com uns deliciosos calamares.
Já bem aconchegadinhos e com os líquidos ingeridos a criarem já alguma deformação no jersey, entrámos, própriamente dito, em Alcântara, uma povoação bem bonita e cheia de história, passando junto a alguns bonitos monumentos, onde destaco o Convento de San Benito, com os seus lindíssimos claustros.
Depois de um breve sepentear por algumas artérias da cidade, descemos à imponente Ponte Romana, através da inclinada descida de xisto, que termina mesmo junto ao seu tabuleiro, onde nos deliciámos com aquela magnífica paisagem.
A seguir, esperáva-nos um dos pontos mais duros do percurso.
Um soberbo single track a ladear o Rio Tejo, desviando-se um par de kms depois à direita, talhado entre montanha xistosa e de difícil progressão, sempre em arfante subída, até atingirmos a zona de planalto, com uma paisagem bem bonita, apesar de despojada de arvoredo.
Lá bem no horizonte, vislumbrava-se a pequena povoação de Estorniños, onde efectuámos nova paragem para abastecimento.
Num bar bem peculiar, pois estava montado naquilo que me pareceu ser uma sala da habitação, pois para lá chegarmos, passámos por um corredor, que ligava com outras três divisões.
Na sala, apenas um par de mesas e um pequeno balcão, servido por um pequeno frigorífico, mas com bebidas bem frescas. Engraçado!!!
A partir daqui, os single tracks quase que se extinguiram, apenas uma ou outra passagem mais singela, mas as dificuldades, essas sim, vieram rápidamente ao nosso encontro, depois da passagem por Piedras Albas.
Depois duma breve paragem na Ponte Internacional de Segura, rumámos à Vila da Zebreira, onde algumas subidas começaram a desenhar alguns esgares no rosto da rapaziada.
A passagem pela Zebreira foi rápida e aproveitando a pouca altimetria, depressa chegámos ao Rio Aravil, por trilhos e estradões de pedalada mais fluída.
A passagem do rio, que tanto trabalho me deu a descobrir, levou-nos para o outro lado, uma propriedade particular, cujo portão de saída tivemos que saltar, pois já tinha sido fechado a cadeado.
Rumo ao Ladoeiro, o terreno foi um pouco mais ondulante, mas ainda assim, de pedalada rápida e após passar o Ponsul a vau, passámos o Monte de Belgais, virámos depois para o Monte dos Quintalreis e já no Monte da Capa Rota, entrámos finalmente no alcatrão . . . bendito alcatrão . . . que nos conduziu finalmente a casa, e nesse dia, nossa querida e saudosa cidade de Castelo Branco.
Foi simples . . . quatro "manos", quatro bikes, quatro à partida, quatro na galhofa durante todo o percurso e quatro à chegada.
Kms de prazer e de boas pedaladas . . . litros de líquido de várias côres e comida com vários sabores e feitios . . . Aventura e alguma capacidade de sofrimento, daquele que a gente gosta já com o pézinho no chinelo, também já fazem parte dos nossos "roteiros", sempre abertos aos amigos que a nós se queiram juntar, sem grandes "parangonas", apenas pedalar para descontrair, o nosso lema . . . seja qual for a distância!!!
Fiquem bem
Vêmo-nos nos trilhos,
ou fora deles.
AC
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