Recebi convite do meu amigo facebokiano José Romero Ruiz, para participar na prova, denominada "nor3xtreme", o primeiro GranFondo feito nas terras altas do norte da Extremadura e uma zona que conheço um pouco e me encanta.
Fiquei em "pulgas" para conhecer o percurso, tanto mais que já andava há uns tempos a delinear uma volta por aquelas bandas, em estrada e em btt.
Ao conhecer o percurso, apesar da sua dureza, fiquei logo com vontade de o fazer, mas fora da parte competitiva, apesar de estar classificada como "não competitiva" . . . então mas não é o que todos dizem!!!
3 puertos de 2ª. categoria, 2 de 1ª. categoria e 2 de categoria especial, numa só "tirada" de 158 kms, já fazem uma "boa mossa" e, é sobretudo, uma boa forma de testarmos a nossa superação pessoal, numa boa, de forma lúdica, cultural e porque não gastronómica!
O bom senso, aconselhou-me a levar um grupo pequeno e o mais homogéneo possível e que se identificasse com a minha filosofia, nestas lides das duas rodas a pedal.
Saímos cedo de Castelo Branco, pelas 05h45, em direção a Hervás, onde fomos dar início a este espetacular percurso montanhoso.
Chegámos aquela bonita povoação pouco depois das 08h00 e pelas 08h30, já rolávamos pela EX205, em direção à N630, que nos levou até Baños de Montemayor, ladeando o bonito embalse de Plasencia em pleno Valle de Ambroz.
A primeira subida até à primeira curva de ferradura deu-nos acesso à CC16, para enfrentarmos a verdadeira primeira dificuldade do dia, com a ascensão a La Gargantada e Collado de Angosturas, um puerto classificado de 2ª. categoria e que nos entreteve durante 9 kms até ao cruzamento da estrada que vem de Hervás a Candelário.
Descemos de novo a Hervás, onde entrámos, depois de cruzar a bonita ponte medieval sobre o Rio Jerte, pelo seu irregular empedrado.
Parámos numa zona de esplanadas e num dos bares locais, tomámos o cafezinho matinal (solo e cortito, ou expresso), enquanto nos preparávamos para a segunda e dura 2ª. parte do percurso.
Já com os estômagos mais aconchegados, voltámos a sair de Hervás, agora "pelo "caminho rural" para La Gargantilla.
Passámos a povoação e num percurso bastante ondulado e algo exigente, seguimos para Segura de Toro e Casas del Monte.
À saída da povoação, o Paulo Jalles, furou o tubular da sua espetacular "lightweight", montado na roda dianteira, que ditou o final da sua aventura velocipédica.
Como não levava consigo nenhum tubular de reserva, nem espuma anti furo, não se pôde tentar remediar a situação.
Tomou a decisão correta de nos mandar seguir. Iria arranjar boleia para Hervás, onde tinha a viatura.
Com o desprazer desta inopinada situação, seguimos o percurso delineado. Nada poderíamos fazer e andar em autonomia é assim mesmo.
Estes passeios são sempre informais e nada havia que pudéssemos fazer para reparar aquela roda. Interrompermos o passeio e regressarmos todos a casa, após esta longa deslocação, também não seria certamente o que o Paulo quereria.
Estes passeios são sempre informais e nada havia que pudéssemos fazer para reparar aquela roda. Interrompermos o passeio e regressarmos todos a casa, após esta longa deslocação, também não seria certamente o que o Paulo quereria.
Descemos à N.630 e pedalámos nesta larga via até entrarmos na CC.V.11.1 para Villar de Plasencia.
Aqui começámos uma dura subida a Cabezabellosa - Pitolero, um puerto de 1ª. categoria, por uma estrada sinuosa e com bonitas curvas de ferradura, que nos iam alterando a perspetiva sobre o fabuloso Valle de Ambroz, em continua ascensão durante cerca de 10 kms. Estávamos já na comarca do Valle de Jerte.
Ultrapassada esta dificuldade montanhosa, seguimos para El Torno já no alto de La Vera, uma comarca onde pouco pedalámos.
Na praia fluvial de "Benidorm", assim se chamava, comemos algo mais sólido no restaurante local. Um belo "bocadillo" e umas "cañas", deixaram-nos de novo em condições de dar mais umas boas pedaladas.
Descemos à Nacional 110 e parámos no espetacular mirador de El Torno, com as suas esquisitas figuras sobre as rochas.
Terminámos a descida e mais á frente, rumámos a Casas del Castañar, onde iniciámos a mais dura subida do dia, 18 kms constantes pelo Rabanillo até ao Piornal, com a sua terrivel ponta final, denominada pelos "aficionados" de "Mortirolillo".
Chegámos à povoação mais alta da Extremadura e ali parámos numa esplanada para bebermos um fresquinho par de cañas.
A descida do Piornal entre cerejais, pelo fantástico vale de Jerte, foi adrenalínica.
Passámos por Valdastillas e sempre em ligeira ascensão, cruzamos Navaconcejo e mais à frente, Cabezuela del Valle, sempre ladeados pelo belo Rio Jerte.
Passada Cabezuela e um par de kms mais à frente, virámos à esquerda para a última dificuldade do dia, a ascensão do Puerto de Honduras, um categoria especial de uns longos e intermináveis 16 kms, bastante duro para quem já levava quase centena e meia de kms nas pernas.
Mas a beleza do "puerto", as suas curvas em ferradura e as magnânimas vistas sobre o Vale de Jerte, durante a subida, e do Vale de Ambroz na descida, foram amenizando um pouco a coisa.
A última descida do dia, sobretudo nos seus kms finais foi algo espetacular, com a frondosa mata de castanheiros e carvalhos a quase taparem o céu, criando um ambiente deveras fabuloso, para quem desce de bicicleta. Foi a cereja em cima do bolo, nesta maravilhosa aventura de 158 kms, atravessando os vales do norte da Extremadura, Ambroz. Jerte e Alto de la Vera, entre vegetação de alta montanha, florestas de carvalhos, castanheiros e longos cerejais e sobretudo, na companhia dum bom trio de amigos.
Foi mais uma aventura à minha moda, com aquela característica lúdica, cultural e até gastronómica, informal e em completa autonomia.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles
AC
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles
AC
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