Na segunda feira fomos para sul, hoje fomos para norte.
Pelas 08h00 lá abandonámos o nosso amado burgo em busca de duas ou três horinhas descontraídas pedalando pelas estradinhas cá do nosso condado, contrariando o stress e a monotonia.
O vento, mais ao jeito de vendaval, soprava forte e frontal, dificultando as habituais conversetas com o meu companheiro de pedal.
Enquanto seguia na sua roda de vez em quando e ia espreitando a paisagem que nos rodeava, num dos meus flashes de memória, dei comigo a pensar numa das célebres frases de Antoine Rivarol, que terá ficado guardada num qualquer cantinho da minha já fragilizada memória, vá-se lá a saber porquê, com a seguinte citação:- "Circula no mundo uma inveja velocípede que vive de intriguinhas:
chama-se maledicência. Diz estouvadamente o mal de que não tem certeza, e
oculta o bem de que tem evidência."
A velhice tem lá "porras" . . . lembramo-nos de cada uma!!!
Posto isto, já tinhamos passado Caféde e estávamos já à porta do café "Flôr do Outeiro" na Póvoa de Rio de Moinhos.
O pastelinho de nata e a malguinha de café quente fizeram-me esquecer estes pensamentos da "treta e da família dos arreliantes" e as banais conversetas com o meu companheiro de pedal tinham voltado à normalidade.
Talvez por isso, por ali estivemos em trabalho verbal quase uma hora, até que nos lembrámos que afinal tínhamos saído de casa para dar uma volta de bicicleta e não para dar ao "lambarão!"
Voltámos à estrada e seguimos para a Barragem da Marateca, hoje menos bela, com águas agitadas, ou malagueiro, como se diz à moda marinheira, não esquecendo, como marinheiro que fui, que hoje é o dia nacional da Marinha.
Passada aquela extensa bacia hidrográfica fomos até à Soalheira, onde viramos o azimute à Atalaia do Campo pela panorâmica estradinha que se inicia junto ao apeadeiro da Soalheira.
"Como terra portuguesa, a Atalaia terá visto chegar os seus primeiros
povoadores efetivos em 1212, por concessão dos donatários D. Joanes e
sua mulher Maria Pires, que moravam em Castelo Branco mas, que nessa
data já teriam algum aposento em Atalaia."
Cruzamos a Ribeira de Alpreade pela Ponte Romana, ladeada por um lagar de prensas hidráulicas que mantém a forma primitiva mas em avançado estado de degradação e seguimos em direção à capela de Santo António, onde fletimos à direita em direção às Zebras.
À entrada da povoação seguimos em direção à Lardosa com passagem pelo Vale da Torre.
Na Lardosa resolvemos seguir para os Escalos de Cima e pelos Escalos de Baixo, última povoação por onde passámos, seguimos diretos à cidade, chegando ainda cedo e com tempo suficiente para a ansiada "abaladiça" na esplanada do Café Lusitano, um dos nossos preferidos, quando a entrada é feita pela zona norte.
75 kms, uns bons momentos de conversa amena, estradinhas panorâmicas e paisagens a condizer, cafézinho e pastelinho de nata e a jolinha final acompanhada de um belo pires de marisco à Eusébio, preencheram esta manhã pedalante, que nem o irritante vento conseguiu molestar.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC
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