Ao contrário dos dias anteriores, o pequeno almoço não foi nas instalações da casa da Juventude de Almeida, mas sim numa arejadinha sala do complexo turistico "Encostas do Coa" na Quinta Nova, o fina da 2ª. etapa e o início desta 3ª^e última etapa, para onde nos deslocamos de autocarro.
Uma belíssima primeira refeição do dia, com tudo de bom e do melhor, foi mote para dar início a esta derradeira etapa, para mim a mais brutal e adrenalínica de todas elas.
Começamos com um par de quilómetros em terreno plano, para seguidamente nos mandarmos por uma descida técnica e um pouco perigosa em direção ao canhão luvial do Rio Coa, com paisagens de encher o olho, com particular destaque para o canhão do Rio Coa, num ambiente selvagem, inóspito e único.
Chegamos à ponte que cruza o rio e que segue para a Marofa e Castelo Rodrigo e subimos até à capelinha, na direção de Pinhel, para descermos de novo ao rio, que acompanhamos por alguns kms.
Seguiu-se uma longa e brutal subida, onde a paisagem facilmente nos distraia e obrigava a constantes paragens para clicar a digital. Simplesmente soberbo.
Mesmo com a chuva a fazer a sua aparição com esparsos chuviscos, nada nos apoquentou, pelo contrário até tornava o terreno mais macio e fresco, ajudando um pouco naqueles longos kms de ascensão.
E assim foi até Cidadelhe, onde chegamos depois da panóplia de trilhos espetaculares, rodeados de fenomenais paisagens, originando sorrisos de satisfação em todos os participantes.
O primeiro abastecimento foi nesta singela povoação, no pavilhão da junta de freguesia que repôs as calorias até então gastas e acalentou "motores" para a etapa seguinte.
A etapa deste dia baseava-se, em termos de dificuldade, em três grandes subidas e a primeira já tinha sido conquistada.
Deixamos Cidadelhe e baixamos de novo ao Rio Coa, agora por asfalto, numa bonita e panorâmica estradinha bastante curvilínea e de forte pendente até à ponte, onde parei mais o Tufo, o "Guru" da Zona 55 para mirarmos aquele bruta canhão d rio e registrá-lo fotográficamente.
Depois de cerca de três centenas de metros de subida, fletimos à esquerda e entramos na Reserva da Faia Brava, situada numa zona inóspita e lindíssima entre a cordilheira da Marofa e o manto verde de vinhas do Douro, em pleno coração do canhão fluvial do Rio Coa.
Muitas veredas e trialeiras, mais ou menos técnicas, bonitos trilhos e brutal paisagens fizeram-me sentir satisfeito de ser um dos participantes desta fantástica travessia, que aconselho a todo e qualquer betetista, mais atleta ou menos atleta. tenho a erteza de que não vai ficar indiferente à beleza paisagística, à espetacularidade dos trilhos e sobretudo à forma como vai ser recebido pela entidade organizadora, encabeçada pelo também entusiasta e mentor deste projeto, o arquiteto João Marujo.
Depois daqueles 15 kms de pura adrenalina, na travessia da reserva da Faia Brava, viramos o azimute a Algodres e sempre por trilhos fantásticos passamos por essa aldeia e chegamos a Almendra, onde fomos presentados com novo abastecimento pela junta local.
Deixamos Almenda e fomos em busca da segunda grande dificuldade do dia com a subida à capela de Castelo Melhor, um carocinho bem duro de roer.
Depois de uma descida bem catita, iniciamos a subida, primeiramente a Castelo Melhor continuando depois em direção à capela.
Mas não chegamos lá, e creio que ninguém refilou por isso, no último entroncamento de acesso á capelinha, seguimos em frente e ladeamos aquela zona montanhosa por um trilho que segue a curva de nível, repleto de paisagens únicas, até Orgal, a última povoação desta fantástica travessia do vale do Rio Coa.
Seguiu-se a espetacular descida para a abandonada barragem de Vila Nova de Foz Coa, abandonada em 1995 num moroso e controverso processo originado pela descoberta das gravuras de arte rupestre pré-histórica.
E foi à chegada a Orgal que a verdadeira chuva nos encontrou, resolvendo acompanhar-nos até a final da etapa.
Chegados à ponte, junto à foz do Rio faltava ainda a última subida e a mais "assanhada" de todas, apesar dos seus 2300 metros, que queimaram praticamente a restea de energia que ainda sobrava em parte dos companheiros de aventura.
Mas a conquista do Museu do Coa estava ao nosso alcance e com as pulsações a entrarem no red line atingi o asfalto e zona plana de acesso ao museu, que apesar de numa primeira impressão me parecer uma "casamata" da II guerra mundial, visto lá do alto, junto a Orgal, quando o olhei, depois daquela estafante subida, pareceu-me uma coisa linda e uma conquista meritória.
Não o visitei. no seu interior. reservo essa visita para uma outra oportunidade, acompanhado da minha Maria.
Mas o tempo foi passando, a roupa foi enxugando e as fantásticas paisagens, vistas lá do alto sobre a foz do Rio Coa e o Douro Vinhateiro eram de uma beleza ímpar.
Depois da foto da praxe com todos os participantes finalistas, pois alguns não fizeram as três etapas, fomos até ao restaurante do museu, onde nos foi servido um lauto lanche ajantarado, que voltou a colocar os níveis no sítio.
Depois descarregadas as bikes, voltamos ao autocarro que nos levou de novo a Almeida, o nosso "quartel general" durante estes três dias de aventura.
Carreguei a bike e restante tralha na minha "fragonete", tomei o banhinho retemperador e depois de me despedir da malta, regressei a casa, satisfeito por fazer parte do fantástico grupo de malta, amiga e companheira, que comigo percorreu os brutais trilhos e absorveu as fenomenais paisagens da Grande Rota do Vale do Rio Coa.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC
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