Chegou o quarto dia de travessia e com ele as grandes planícies.
Trilhos menos complicados e rolantes, bons para aumentar a quilometragem, e bem precisávamos, pois ainda nos faltavam 240 kms, para percorrer em dois dias até Toledo.
Levantamo-nos cedinho como habitualmente e depois da higiene da praxe e tratamento das bikes, recarregamos e fizemo-nos aos trilhos.
Abandonamos Chilarón del Rey pela "calle mayor" e tomamos o rumo à "Ermita de S. Roque", onde entramos num single track que nos levou até à N-204, por onde continuámos durante algum tempo ladeando o "Embalse de Entrepeñas".
Cruzamos a barragem pela ponte do viaduto, para a outra margem, e seguimos por um caminho ainda a ladear aquela linga bacia hidrográfica até que numa viragem à direita, subimos por um estreito trilho que nos levou até Alocén, onde efetuamos a primeira paragem do dia para "desayunar" na bela "Plaza del Ayuntamento".
Já com a primeira refeição do dia "arrumadinha" continuamos a nossa aventura e, sempre por bonitos trilhos e explêndidas paisagens, onde o "Embalse de Entrepeñas" tinha uma situação priveligiada, com as suas águas de um azul turquesa que criavam uma panorâmica deveras brutal.
Chegamos ao Santuário da "Virgen del Madroñal", onde paramos um pouco para regalar as vistas com aquelas paisagens magníficas e descansar um pouco, criando alento para vencer a subidinha seguinte, bem exigente, apesar de não ser muito longa.
Chegamos a Auñon e procuramos uma fonte para atestar bidons, mas antes, atestamos o corpinho com uma magana de uma caña fresquinha, que nos revigorou para a fase seguinte.
Voltamos aos trilhos, percorrendo caminhos entre longas searas e algo rolantes, até que chegamos ao entroncamento para Sacedón.
Passamos pela velha ponte medieval e seguimos pela antiga estrada de Sacedón, esculpida na rocha e de uma beleza única.
Chegamos ao paredão da "Presa de Valdepeñas" e regressamos ao entroncamento de estradas, para continuarmos a seguir o caminho natural, pois Sacedón foi um desvio para apreciar aquele monumental recanto, sobre a velha estrada de Sacedon.
Entramos no "Valle de Valdepeñas" e num sobe e desce não muito acentuado, fomos ladeando o Rio Tejo, pela sua margem esquerda, até que chegamos a Sayatón.
Uns kms mais à frente passamos por Salto de Bolarque, uma antiga central elétrica, situada na confluência dos Rios Tejo e Guadiana.
Saimos de Salto de Bolarque, um bonito local e depois de ladear a Central Nuclear de Zorita, chegamos a "Zorita de los Canes ", uma pitoresca povoação banhada pelo Rio Tejo.
Ali procuramos comida sem sucesso, pois o único restaurante ali existente estava fechado. Nem um bar para uma bebida fresca.
Subimos, para sair da povoação e depois de passar pelo seu majestoso "Castillo Mozárabe", uma das mais belas e importantes "Alcazabas" das terras de Guadalajara, na Baixa Alcarria, paramos mais à frente, à sombra de uma velha oliveira, para comer uma barrinha e assim enganar o estômago até que conseguíssemos encontrar um sítio onde almoçar convenientemente.
Ladeamos as velhas ruinas visigodas de Recópolis e descemos ao asfalto.
Fomos acompanhando o Rio Tejo pela "Reserva Fluvial de Los Sotos del Rio" para lá mais à frente entrarmos numa zona de terras lavradas, até que o rio se transformou na "Presa de Almoguera".
A hora decente para adoçar já se estava a passar para o lado do lanche e o bom senso mandou-nos passar a ponte sobre o rio e o pontão da barragem e ir até Almoguera, a povoação mais próxima, a cerca de 3 kms e que não estava inicialmente na nossa rota.
Ali encontramos um recatado restaurante junto às bombas, onde nos sentamos plácidamente numa das mesas da esplanada, bem à sombrinha e onde degustamos um volumoso menú, enchendo bem a barriguinha.
Voltamos à ponte sobre o rio e paredão da barragem de Almoguera e continuamos ladeando o rio, passando por diversas estruturas hidráulicas, como a antiga "Presa de Estremera" e a casa do "Conde de Cumbre Hermosa"
À passagem por "Rio Llano" demos com um pequeno bar junto à estrada, onde aproveitamos para nos saciarmos com mais umas "cañas" bem fresquinhas e atestar bidons.
Sempre a rolar bem, passamos ainda por "Requero de Brea", uma passagem pelo Rio Tejo, antes de entrarmos em Estremera, uma povoação onde equacionamos ficar e dar por terminada a etapa. Mas ainda faltavam muitos kms para o final e o dia seguinte e último desta aventura, seria certamente curto para cerca de 130 kms que anda faltavam para o final, pelo que resolvemos ir até Fuentidueña de Tajo , povoação seguinte.
Aceleramos o passo, ou melhor, rodamos mais os cranks, sempre que o terreno o permitia.
Já com o dia a chegar ao seu final, lá chegamos a Fuentidueña de Tajo, com 125 kms bem geridos, deixando para o dia seguinte os restantes 115 para a conquista de Toledo, onde daríamos por terminada esta fantástica aventura com alforges.
Depois de alguma pesquisa, lá encontramos um bom hostal junto ás bombas de combustível que ladeiam a A6 e onde fomos bem recebidos e posteriormente bem aconselhados, quanto ao local onde jantar.
E foi no restaurante das bombas que tomamos a última refeição do dia.
Depois de umas belas "cañas ", pré, durante e pós jantar, enquanto preparávamos a logística da derradeira etapa, foi hora do ó-ó, pois ainda nos faltavam 115 kms para dar descanso às nossas "burrinhas" e deixar o nosso corpinho entrar e modo relax, que bem precisava.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC
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