Depois de oito anos a vai que não vai e depois não fui, desta vez resolvi não ir e fui.
Aquela coisa dos 5 empenos e ainda por cima organizado pela mão matreira do Pedro Ferrão acagaçava-me um pouco.
E como se isso não bastasse, constava que também lá ia aparecer um baixote lá do norte, um bananoide que anda sempre a pregar partidas à malta.
Bom. Mas lá me enchi de coragem, peguei na minha fragonete e rumei à Sertã, à Pastelaria Estrela Doce, onde tinha combinado com o meu irmão Luís tomar o cafézinho matinal e o pastelito de nata.
Já descafeinadinhos, fui até às piscinas onde deixei a fragonete e já cavalgando a minha "santa", fui até ao local de encontro, junto à casa dos pais do Ferrão.
Por ali a coisa já estava bem animada com muita malta, vinda de vários cantos do país, para mais um belo dia de convívio.
A malta foi-se cumprimentando e outros fora chegando e o grupo foi-se compondo para mais uma bela edição dos 5 empenos . . . a nona.
Brincadeira, alegria e bom companheirismo recheado de peripécias, quase sempre protagonizadas pelos mesmos "cromos" da bike, era mais que garantido.
Ainda cheguei a pensar que almoçávamos primeiro e depois íamos então empenar as tais ditas 5 vezes, mas não, ainda saímos antes do almoço.
Saimos em direção às Mougueiras e entramos nos trilhos um pouco antes, em direção ao Penedo e Portela.
Passamos Poiares, Moinho do Cabo e Mata do Souto e demos de caras com o primeiro empeno, a subida ao alto da Serra da Longra.
Descemos até às proximidades do Vale Godinho, passamos o Vale Sequeiro e demos de caras com o segundo empeno, a subida ao Marmeleiro . . . eu ainda ia no primeiro!
Seguimos para as Cortes e chegamos a um dos momentos do dia, o belo carreirinho que ladeia a Ribeira da Isna até à ponte, continuando depois por outra fantástica vereda, agora acompanhando a Ribeira do Bostelim até à praia fluvial.
A malta, como sempre, bem animada e reinadia, lá ia transformando este fantástico dia de empenada pedalada campestre, em algo que fica sempre bem guardado no baú das boas memórias.
Depois, não sei o que aconteceu, mas aquilo por ali, mais parecia uma missa campal e eu fui tentar um cochilozinho à sombrinha.
Mas "aquilo" nunca mais acabava e eu não conseguia pregar olho, sempre com um aberto à coca do baixote, que no meio daquela multidão, não é fácil pôr-lhe o olho em cima.
Tornei-me então cúmplice do meu irmão Luís, que também já andava aborrecido, pois ninguém lhe "roubava" as bananas que carregava no camelbag (acho que de propósito para o lixar nas subidas com o peso extra) e resolvemos ir adiantando terreno até à Relva, vencendo o terceiro empeno até à aldeia . . . e eu ainda ía no primeiro!
Lá chegamos, acompanhados com mais uns poucos de companheiros, que também não vão muito à bola da "missa campal" e na capelinha do restaurante, mandamos vir umas velinhas (sagres) e comungamos umas tirinhas de orelha de bácoro, umas rodelinhas de chouriço e morcela, ornamentadas com um bocaditos de entrecosto. Estava quase a safar-me do ainda primeiro empeno quando comecei a ouvir uma grande alfazarra. Ai vêm eles! A missa já acabou!
Limpamos a boca e fomos ter com eles, com aquele ar de quem não quer a coisa e metemo-nos na molhada a ver se passávamos despercebidos no quarto empeno que logo ali se iniciou até ao VG da Melriça.
Cheguei lá acima com lingua de palmo . . . e ainda com o primeiro empeno. Quando estava quase a desempenar . . . catrapuz . . . aí vem outro!
Lá descemos a Vila de Rei para um momento porreirinho na Pastelaria Doce Rei, onde tive a sorte de chegar a tempo para beber a minha bjeca com o pãozinho com chouriço, porque passado pouco tempo, aquilo parecia o mercado da ribeira, ou melhor, uma praga de gafanhotos, que roeram tudo o que por ali havia. Apre!
Já com a malta reunida de novo, lá fomos em busca do ansiado quinto empeno, abandonando Vila de Rei por uma catita calçada romana em direção ao Lavadouro e um pouco mais à frente o belo recanto da Cascata do Escalvdouro, agora com pouca água derivado a escassez de chuva destes últimos tempos.
Mais umas peripécias e momentos divertidos, aliás, um apanágio deste grupo, onde a diversão, a amizade e o companheirismo são um ponto comum.
Saímos daquele belo local em direção à belíssima Ponte do Charco, com passagem pelo Vale do Lousa, Corga da Aldeia, Ribeira de Cortelhas e Fundada.
A visão sobre aquela ponte é algo belíssimo e quase surreal. Mas essa imagem ficou um pouco distorcida, quando logo depois tivemos que enfrentar o quinto empeno, por acaso o mais curto de todos eles e quiçá o mais fdd, antes de tomarmos o rumo à Sertã, o nosso ponto de partida . . . e eu ainda com o primeiro empeno!
Depois de conquistado o derradeiro empeno . . .para alguns, pois eu ainda andava a digerir o primeiro, a coisa suavizou um pouco em termos e dificuldade, mas manteve os trilhos divertidos até ao final, com passagem pela Cumeada, onde efetuamos a derradeira paragem para abastecer com uma bjeca, nas bombas locais e descarregar a ultima gota de adrenalina na descida à Portelinha.
Depois do banhinho nas Piscinas Municipais, chegou o momento da "romaria"ao Restaurante Ponte Velha, para o último empeno, o sexto, este não divulgado em cartaz, que se traduziu numa bela comezaina em animado convivio recheado de bons momentos, quer gastronómicos, quer protagonizados pelos "cromos" do costume e que terminou como sempre com, com a divinal palestra do Jerónimo.
Quanto a mim, posso dizer que gostei à brava, aliás como gosto sempre deste tipo de eventos desorganizados que consegue juntar a malta, criar empatias, rever velhos amigos, dar início a novas amizades, numa boa, em festa, companheirismo e alegre cavaqueira.
Só é pena é ter-me comprometido perante o Ferrão que ia aos 5 empenos e acabei por vir de lá apenas com um empeno. Que gaita . . . ainda vou ter que lá voltar quatro vezes . . . no mínimo!!!
Bom! Agora com o desenvolvimento das bikes elétricas, a coisa promete!!!
Um grande abraço a toda a rapaziada e às meninas também, a quem acrescento um beijinho. Um abraço especial para o meu amigo Ferrão e mantêm lá esses cinco empenos. Um dia hei-de conseguir!!!
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC
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É sempre um enorme prazer a tua companhia.