Ontem foi dia de btt, com a agradável companhia do Sandro Gama.
Combinamos ir começar a nossa aventura no Sabugal e ir em busca da preciosa beleza das serranias graniticas, visitar históricas aldeias e lugarejos, assim com explorar velhos caminhos rurais e espalhar adrenalina pelas fantásticas e divertidas veredas que por ali existem.
O Sandro veio buscar-me pelas 06h30, carregamos a minha "santa" e partimos à aventura.
Pelas 07h45 estávamos já prontinhos para dar início a mais um fantástico dia de pedaladas, depois de dexarmos a viatura no parque de estacionamento nas imediações dos Bombeiros.
Subimos primeiramente ao Castelo das 5 quinas, como é conhecido o bonito e bem conservado castelo do Sabugal.
Depois de umas quantas fotos para mais tarde recordar, cruzamos o Rio Coa e tomamos o rumo à aldeia de Urgueira, também conhecida como de Santo António, pedalando por estradões sem dificuldade.
O tempo bastante enevoado privava-nos de usufruir da paisagem, enquanto pedalávamos já em direção ao parque eólico da Raia.
Entretanto o dia começou a abrir e as paisagens com que nos íamos deparando eram brutais.
Por ali desfrutamos do primeiro par de divertidas veredas recheadas de socalcos graníticos, que nos encheram logo as medidas e nos deram uma antevisão do que iria ser o nosso dias de aventura.
Ora subindo, ora descendo, fomo-nos divertindo envoltos numa paisagem natural de beleza impar e onde o granito era rei.
A histórica aldeia de Sortelha era um ponto de referência lá no alto do monte, a mais de 760 metros de altitude. Era para lá que nos dirigíamos.
A aproximação à aldeia foi espetacular pois foi feita através de uma curvilínea vereda bem recheada de rocha granítica e giestas .
Entramos na aldeia, que parecia fantasma, não fora um par de trabalhadores na reparação da fachada de uma casa e a aldeia seria só nossa.
Fizemos uma visita à aldeia e subimos ao Castelo pelas suas pitorescas ruelas descendo pelo outro lado, depois transpor um dos seus belos pórticos.
"Sortelha é uma povoação ornada com penedos e barrocos, onde as casas
encostam e assentam. Esta disposição das casas, expostas ao sol, explica
o cognome de "lagartixos" dado aos seus habitantes. É uma aldeia em
granito, com ruas e vielas tipicamente medievais, fechadas por um
círculo de muralhas, vigiado por um sobranceiro castelo do século XIII.
Sortelha continua a ser certamente uma das mais belas e antigas
povoações do nosso País, cujo traçado pouco se alterou nos últimos 500
anos."
Abandonámos aquela bonita aldeia histórica já com o azimute virado a Quarta Feira, a nossa próxima visita, onde chegamos após mais uns fantásticos trilhos pelos Esporões e Raiares.
Deixamos Quarta Feira por uma bela e acidentada vereda em calçada romana e subimos ao Cabeço de S. Martinho e logo depois o Cabeço dos Corvos descendo ao Vale do Chão Grande já em direção a Pena Lobo, outra aldeia com história.
Ali procuramos um café para nos refrescarmos e comer algo mais sólido, mas, o único café ali existente, nada tinha para "roer."
Saímos da aldeia em sentido ascendente para logo descermos para o Vale Nicolau, onde nos divertimos mais uma vez pelas veredas de encantar ladeando pequenas ribeiras e regatos "pintados" de verde brilhante.
Paisagens únicas que em nada nos fizeram arrepender ter tirado o "caparro" cedinho da cama em busca de empeno certo, mas repleto de adrenalina, paisagens de encanto e uma aventura daquelas que gostamos e que nos fazem mover os pedais das nossas fieis companheiras de horas e horas de suor e cansaço. . .as nossas bicicletas.
Andamos entretidos entre divertidas veredas e antigos trilhos, ziguezagueando pelo Vale do Salgueirinho, Cabeço do Bispo, Almoinhas, Vale das Colmeias, Lameiro da Capelinha, Quinta das Galinhas e Quinta dos Peneiros, pequenos aglomerados de antigo casario, até chegarmos aquele que foi para mim o trilho mais bonito do dia, e todos eles foram fantásticos, o trilho do Ribeiro da Quinta, que nos divertiu e nos deu cabo do cortiço ao longo de alguns quilometros. Uma longa vereda envolta numa soberba paisagem.
Não é todos os dias que temos o prazer de usufruir dum momento assim. Puro e duro quanto baste e com um grau de tecnicidade que nos vai pondo á prova, consoante vamos ganhando terreno. Adorei!
Se até ali já nos tínhamos divertido à brava, dali para a frente, a coisa não foi diferente.
A entrada em Bacelos após a passagem pela Quinta do Ribeiro, foi qualquer coisa de divertido.
Abandonamos Bacelos e seguimos pela Quinta de S. Domingos, Cancelinha e Quinta do Sumidouro antes de entramos em Pousafoles do Bispo, outra aldeia com muita história e com uma beleza espetacular.
Ali voltamos a procurar algo mais solido para comer, mas o único restaurante ali existente estava fechado.
Fomos até à Lomba, outra bonita povoação, passamos Lameiros e chegamos ao Espinhal.
Desta vez não paramos e tomamos o rumo à Rechã e Pedreiras, antes de cruzarmos a Ribeira da Paiã e voltarmos a entrar no Sabugal, umas horas depois de a termos deixado.
Tínhamos a barriga cheia de bons trilhos e singulares carreirinhos que nos fizeram vibrar e de quando em vez, por à prova os nossos dotes técnicos, usufruído de paisagens únicas, subindo, descenso ou contornando alguns dos bonitos "inselbergs ou montes - ilha", assim são designadas as colinas graniticas resultantes da erosão diferencial entre o manto de alteração e a rocha sã.
Contornamos lindas ribeiras, regatos de águas cristalinas e verdejantes prados, vivenciamos com gentes de alguns dos locais por onde passamos e sobretudo, ficamos com uma certeza. O btt de aventura é uma das melhores "mesinhas" para os males modernos, os mexericos e futilidades, os pragmatismos e ensejos cegos de protagonismo exacerbado.
Tem sido quase sempre a "mira" do meu "objetivo", no que toca a este singular desporto lúdico e será cada vez mais a razão da minha velhice, a que pretendo deliberadamente afastar a palavra "precoce"
Posto isrto, terminamos a nossa aventura exatamente no local onde a começamos, com 66 quilometros de boas e divertidas pedaladas, numa zona fantástica para a prática do btt.
Depois de prontinhos e bicicletas arrumadas, fomos até uma castiça tasquinha nas imediações e ali estivemos entretidos em amena conversa, sem pressas nem stress acumulado, degustando um bom par de "pataniscas" de bacalhau acompanhadas de uma bjeca.
Regressamos à cidade, meio cansados, mas já a planear uma próxima aventura, numa outra oportunidade.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC
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