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"Passeio de moto pelo Alto Douro Vinhateiro"


"O que é bonito neste mundo, e anima, é ver que na vindima de cada sonho fica a cepa a sonhar outra aventura."
(Miguel Torga)
Com a  excelente companhia dos amigos Luís Miguel, João de Deus e Marta Farias, fomos "desbravar" algumas das encantadoras estradinhas panorâmicas do Alto Douro Vinhateiro.
A saída foi programada para as 07h00 e, já na companhia do Luís Miguel, fomos até Penamacor, onde o João e a Marta já nos aguardavam junto às bombas de combustíveis locais.
Já agrupados rumamos ao norte cruzando Meimoa, Vale da Srª da Povoa, Terreiro das Bruxas, Santo Estevão e Sabugal.
A partir desta vila e com a bonita visão do seu famoso castelo das cinco quinas, entramos em terras de Ribacoa, onde o frescura matinal nos atormentou um pouco e nos fez reconhecer que o verão já lá vai e as temperaturas vão já sofrendo metamorfoses, sobretudo em algumas zonas e, esta é uma delas.
Logo após abandonarmos o Sabugal, viramos à direita para as Quintas de S. Bartolomeu e por Rapoula do Coa, Termas do Cró e Peroficó, chegamos a Cerdeira do Coa, onde um pouco mais à frente paramos no café das bombas de combustível para aquecermos o corpinho com um cafezinho quentinho.
Já mais recompostos, passamos Almeida, uma bonita vila classificada como aldeia histórica e que, vista do ar, parece uma estrela de 12 pontas, tantas quanto os baluartes e revelins que rodeiam num perímetro de 2500 metros.
Uma notável praça forte de planta hexagonal, foi edificada nos seculos XVII-XVIII em redor de um castelo medieval.
Sem visitar este belo monumento, seguimos viagem, passando por Vilar Torpim, Figueira de Castelo Rodrigo, Vilar de Amargo, Almendra e Vila Nova de Foz Coa, onde demos início a uma bela sequência de estradinhas panorâmicas, cada uma mais cativante que a outra, após a descida ao amplo vale onde passa o IP2
Em subida e por estrada curvilínea, fomos sendo surpreendidos a cada curva, com paisagens estonteantes, moldadas com geometria diversa repleta de vinhas a perder de vista, parte das quais ainda a serem vindimadas o que veio a enriquecer a nossa passagem que com aquela labuta vinhateira e a passagem constante de viaturas carregadas de uvas para os lagares tornaram aquele troço ainda mais espetacular.
Fomos parando aqui e ali nalguns miradouros, atraídos pela beleza daqueles locais idílicos.
Depois da Touça, Sebadelhe, Horta de Numão, Srª. da Estrada e Aveleira, chegamos a São João da Pesqueira, onde belas paisagens a perder de vista, já com o Rio Douro como pano de fundo, nos deu uma verdadeira panorâmica da realidade do Alto Douro Vinhateiro.
Mas nós estávamos lá para o conhecer, na sua vertente mais profunda e por isso, aventuramo-nos pelas suas estreitas e bem curvilíneas estradinhas, que são a serventia das grandes adegas do nectar de Baco.
Descemos para as Bateiras, por Ervedosa do Douro e Casais do Duro e já com o Douro por companhia, fomos até ao Pinhão, cruzando a sua famosa e bonita ponte metálica, com uma pequena uma paragem à entrada, para apreciar aquele lugar de beleza impar e tirar umas fotos.
A bonita vila de Pinhão situa-se na margem direita do Rio Douro, no coração do Alto Douro Vinhateiro, onde estão localizadas muitas das principais quintas produtoras do vinho do Porto.
A vila encontrava-se apinhada de gente neste feriado do 5 de Outubro e optamos por não nos demorarmos por ali, saindo pela outra ponte, a linda ponte romana sobre o Rio Pinhão, também conhecida por ponte do Arco, ou da Barrela.
Se até ali tínhamos gostado, logo que cruzamos a ponte romana do Pinhão, entramos noutro mundo, o do Cima Corgo, no coração do alto douro vinhateiro.
Seguimos para Gouvães do Douro, onde fizemos uma pequena paragem para admirar aquela impressionante paisagem.
Foi ai que me apercebi que me tinha enganado no percurso um pouco mais atrás, pois era para ter virado para Paradela de Guiães e Ordonho em direção à Galafura, para visitarmos o seu famoso miradouro de São Leonardo e segui em frente.
Já não quis voltar atrás e reformulei o percurso, cruzando Gouvães uma bonita aldeia de ruas estreitas e inclinadas, com algumas curvas fechadas, nada convenientes para a minha mota.
Mas lá diz o ditado, "só sabemos se passamos, depois de passarmos."
Rumamos então a Covas do Douro e Gouvinhas, onde já suei a estopinhas, quando por ali passei de bicicleta há alguns anos atrás.
Neste caso e contrariando os dizeres do povo, desta vez foi melhor a emenda que o soneto, pois divertimo-nos  por belas estradinhas rodeadas de impressionantes paisagens, que nos prendiam a atenção constantemente. Valeu o engano!
Em Gouvinhas já estava de novo no percurso delineado e lá fomos até à Galafura à procura de comida, com a hora de almoço já perdida há algum tempo, pois por aqueles recantos não há restaurantes, nem nada que se pareça.
Fomos então até São Leonardo, onde existe um restaurante com o mesmo nome e, apesar da hora tardia, ainda fomos servidos, com boa comida e excelente simpatia por parte das funcionárias.
A mesa, essa, situada num lugar privilegiado, brindou-nos com uma brutal paisagem sobre os enormes  vinhedos a perder de vista e por lindas encostas separadas pelo belo Rio Douro, um bonito contraste àquela zona agora de cores mais acastanhadas após a vindima.
Depois do almoço, calmo e gratificante, bem regado com um vinho da região, lá fomos até ao miradouro, que faz juz à sua fama.
Bem altaneiro, proporciona panoramas de grande beleza natural sobre o maravilhoso Rio Douro, manifestando assim a excelência da região.
Ali encontramos também uma bonita e singela capela, um agradável parque de merendas, perfeito para momentos de lazer e de comunhão com a natureza.
A sublinhar aquela beleza envolvente,  ali se encontra-se afixado um painel de azulejos que parafraseia Miguel Torga.
"O Doiro Sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à forma de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza."
Com o final do dia a aproximar-se rapidamente era hora de regressar a casa.
Usufruímos ainda da descida a Covelinhas com paisagens de cortar a respiração e a passagem pelas velhas estações de Covelinhas e Bagaúste até ao Peso da Régua, pela panorâmica N.313-1, ladeando o Rio Douro.
Antes de cruzarmos a ponte no Peso da Régua, fomos atestar as motos e seguimos para a Foz do Rio Távora, pela outra margem do Rio Douro conduzindo pela mais bela das estradas portuguesas, a N.222.
Subir a Tabuaço ladeando o Rio Távora é de fato bonito e, feito de mota é ainda mais enchendo-nos o peito de adrenalina e aguçando o verdadeiro gosto de andar de mota.
Depois de Tabuaço e com o dia mesmo já no seu final, passamos Chavães e ladeamos a bela Barragem do Vilar, em direção a Sernancelhe, onde viramos o azimute a Trancoso, onde entramos no IP2, circulando nesta via rápida até ao nó dos Açores.
Aqui, subimos à Guarda pelo velho troço do IP5, atravessando cidade a pela cintura externa para entrar na velhinha N.18 que nos trouxe de novo a casa.
No Souto Alto, ao cruzamento de Alcaria, despedimo-nos do João e da Marta e com uns bons kms repletos de boa aventura com a passagem por terras de Ribacoa, Alto e Baixo Corgo, Alto Douro Vinhateiro e terras de Viriato, chegamos a casa satisfeitos com mais este belo passeio motociclista, onde descarregámos adrenalina, aliviamos o stress do quotidiano e carregámos a alma de boas paisagens e momentos de boa e sã camaradagem, desfrutando de um hobby que nos é comum . . . o prazer de andar de moto, na sua vertente lúdica, o mototurismo.
Fiquem bem.
Vêmo-nos na estrada, ou fora dela.
Beijos abraços e apertos de mão.
Inté
AC

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