Mais um ano a chegar ao final e a minha 4ª. participação na mítica ligação Tróia - Sagres.
Tudo bem, não fosse o facto de ter sido uma participação bastante atípica e bastante incomum, relativamente à minha forma de preparar este tipo de eventos.
Sabia que teria que ter cuidado com a alimentação, mas mesmo assim, não resisti a uma valente jantarada de uma espécie de caldeirada com enguias fritas. Quem poderia resistir a tal petisco??
No final e pela simpatia da responsável pelo estabelecimento, também não me abstive de saborear umas quantas iguarias, próprias da região e produto da casa.
Deitei-me pois, com a barriguinha cheia, que nem um abade. Só que, no dia seguinte teria que participar num evento de cerca de 200 kms de bike e não num roteiro gastronómico.
Não consegui conciliar o sono e de manhã, ao preparar a bike e o material, verifiquei que o capacete e a banda cardíaca tinham ficado em Castelo Branco. Fiquei meio arreliado!!!
Eu, que não consigo saír de casa sem tomar o pequeno almoço, desta vez não o consegui tomar.
Não havia apetite. Tudo bem, pararia durante o percurso e tomaria o pequeno almoço, planeei!!!
Nada mais errado. parti da rotunda de Troia, pelas 08h10, rumo a Sagres.
Comecei por ingerir uma barra energética, que me custou a engolir.
Alguns kms depois. comecei a sentir uma ligeira indisposição, mas nada que me impedisse de pedalar, só que não conseguia comer naquele momento.
Aos 60/70 kms, os estômago doía-me e pedalar já era com algum sacrifício. Uns momentos melhores, outros piores, mas, quando tentava meter algo no estômago, este não aguentava. Atribuí a culpa às enguias. mas não eram elas as culpadas. Era eu próprio.
Até S. Teotónio, ainda consegui um bom andamento, mas a partir daí, comecei a arrastar-me e de vez em quando, lá parava para tentar comer algo. Parava junto à minha viatura e lá conseguia dar um par de dentadas numa sandes e beber um pouco de sumo.
Como se isso não bastasse, tive ainda que me debater com o vento que soprava de leste, na ordem dos 39/40 kms/h, segundo a meteorologia.
Algures entre S. Teotónio e Odeceixe, vi passar por mim o Joaquim Cabarrão, quando estava a tentar mordiscar meia sandes.
Vi-o pouco depois, quando também se abastecia e, alguns kms mais á frente quando passou por mim inserido num numeroso grupo.
Subir Odeceixe, mais me pareceu a subida á Torre em versão curta. No alto pensei em desistir.
Não o fiz, porque a minha viatura de apoio não estava por alí. Ou porque a teimosia, o espírito de sacrifício, ou a "tarimba" de cerca de 30 anos a dar ao pedal, o impediram. Sei lá!!!
Fiz ainda mais três pequenas paragens para mordiscar na sandes. Consegui beber um compal de pêra e continuei.
Nunca me custou tanto pedalar. Não conseguia acompanhar ninguém. Nem os mais lentos.
E assim sofri durante cerca de 100 kms, até que a partir da Carrapateira, a cerca de 50 kms do final, comecei a arrebitar e terminei já um pouco mais bem disposto.
No final, a minha participação este ano, que decidira ser a última, talvez a não seja. Não quero que a minha última participação no Troia - Sagres, seja uma má recordação.
Soube depois que toda a rapaziada de Castelo Branco, conseguira os seus objectivos, pelo que desde aqui, lhes endereço os meus parabéns. Para o ano lá estaremos de novo, certamente!!!
À laia de finalização, acabei por concluir os 202 kms do percurso em 7h e 32 m.
Ser lamechas, não é muito o meu estilio. Mas esta é a minha história do Troia - Sagres 2010.
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Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos
. . .ou fora deles.
AC
Comentários
Sr. Cabaço, será que aprendeu a lição?! Ou na próxima oportunidade volta a não resistir às enguias?
Bem, para o ano cá espero comentários mais felizes.
Boas pedaladas.
;-)
Para que a história não se repita, vou tomar já as devidas providências...
- Acabei de reservar na minha agenda o XXII Troia- Sagres.
Será com muito prazer que tomarei conta de ti, eheheheh, quero dizer, não irás sozinho.
Um Grande Abraço
Silvério
No fundo, estas são as que ficam na lembrança. Podes julgar ter sido a tua pior prestação mas teres chegado ao fim apesar de todas as adversidades, acho que faz dela a melhor. E na primavera cá estaremos mas para o dobro.
Abraço.