Há dias em que a bike nos complementa e para mim, hoje foi um desses dias.
Companhia agradável, percurso bem condimentado, andamento sem pressas nem metas virtuais, conversa serena com tempo para parar e apreciar paisagens amplas e envolventes, enfim, uma manhã onde apesar da velhinha ter andado a peneirar nos sítios mais recônditos manteve-se morna e acolhedora.
Eram já o8h10 quando o Silvério fez a sua aparição e quando eu já me propunha regressar à minha Garagem e trocar a Spark pela minha SS para uma volta calma e mais curta que o habitual.
Como o Silvério ainda não conhece bem a vasta rede de trilhos em que o nosso singelo cantinho cá bem no interior é farto e rico, resolvo conduzí-lo hoje por uns trilhos ondulantes com algumas subidas e descidas a exigir um pouco mais pelo cabedal, porém, compensadas pela envolvente paisagística nalgumas passagens e recantos mais agrestes.
Saímos da cidade pelo Vale Cabreiro em direcção à Fonte da Mula, onde deparei com a primeira alteração ao percurso, que além das aramadas o terreno passado a freze fez desaparecer o caminho que alí existia. Mas como betêtista que se preze não se atrapalha, inventámos um virtual para chegarmos ao estradão que nos conduziu à estrada da Fonte Santa.
Descemos então em direcção à Sra de Mércules para seguidamente virarmos à esquerda para a Rebouça de Cima e Sesmarias, que contornámos e num sobe e desce já com percentagem adulta, entramos no trilho para os Quintalréis de Cima.
À vista do degradado e altaneiro casarão, virámos à esquerda para a adrenalínica descida para o Compasso de Baixo para após passar o pontão com traço quiçá, românico ou medieval, nos torcemos na arfante subida aos Bouchalinos.
Já no alto e ao pretender entrar no trilho entre eucaliptal que dava acesso ao alto sobre o vale do Ponsul, eis que uma recente aramada e portões fechados a cadeado me negaram tal rumo, pelo que em alternativa de ocasião tive que buscar um pouco mais de alcatrão para atingir o meu objectivo.
Seguiu-se a paragem num dos locais que mais aprecio naquela vasta zona. A cumeada sobre o Vale do Ponsul, onde a vista se espraia sobre os Montes da Granja Granjinha, Silveira, Grande e por aí fora até Monforte e Ladoeiro. Uma terapia natural anti-stresse e revigorante.
Eu e o Silvério sentámo-nos um pouco, apreciando aquela bonita paisagem onde o sol ainda se debatia para dissipar a neblina que ainda pairava sobre o Vale, aproveitando para comer algo que nos pudesse dar alguma energia para superar o que ainda faltava para atingir o planalto.
Seguidamente e após um par de fotos para mais tarde recordar, lançámo-nos em constante zigue zague pelo asseiro que bordeja o eucaliptal que agora ensombra a paisagem, após ter sido devastado pelos fogos surgidos no final deste verão.
Ainda por ali não tinha passado desde tal flagelo e constatei que aqueles bonitos trilhos são agora cinzentos e sem graça. Aguardarei pela regeneração da natureza que certamente lhe retornará parte da beleza agora perdida.
Após passarmos o Cabeço Redondo e a Parrocha atingimos novamente o cume e a estrada alcatroada para Belgais, mas por pouco tempo, pois virámos logo à direita e descemos para as Ferrarias para logo subir para a Tapada do Caraca e Barrão, onde os trilhos são mais planos e menos exigentes.
Numa pequena paragem, decidimos então descer em direcção ao Restaurante "O Chafariz" em Escalos de Baixo para o cafézinho matinal e dois dedos de conversa.
Partimos depois em direcção à cidade com passagem pela Vinha do Marco e Monte Brito, para mais um epísódio, quando atravessávamos o Curral do Prego, ao sermos supreendidos por um musculado cão, daqueles que parecem perigosos e que metia algum respeito.
Valeu-nos o dono que estava por perto pois apesar do animal ir recuando, nunca fiando.
Entrámos na cidade, por onde antes havíamos saído, pelas 12h20, com 45 kms percorridos por trilhos algos exigentes e belas paisagens.
UM BOM E SANTO NATAL.
Fiquem bem
Vêmo-nos nos trilhos.
AC
Comentários