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"Três dias a esgalhar"

O SRP160 aproxima-se a passos largos, o tempo não têm ajudado muito a longos treinos e alguma preguíça têm contribuído para que não tenha ainda atingido a "performance" que tinha idealizado para esta altura, mas depois destes três dias mais intensos, ficou a esperança de que é possível concluír o repto, caso não haja nenhuma anomalia impeditiva.
Assim, na quinta feira juntei-me à malta da asfáltica e fomos até Nisa tomar a matinal dose de cafeína na Praça Central, regressando pelo mesmo trajecto.
100 kms sem grandes incidências e em ritmo de passeio.
-/.o0o./-
Sexta feira Santa, o meu irmão Luís veio até Castelo Branco, e na sua companhia e do Silvério, fomos efectuar um treino mais vigoroso com vista à nossa preparação para o SRP160, pois vamos os três participar nesta ultramaratona.
Foram 137 kms duríssimos com 2700m de acumulado, a maioria no meio do percurso que deu bem para pôr à prova a nossa capacidade de sofrimento e vontade de conseguir atingir o objectivo proposto, pois "paredes" não faltaram nesta aventura e algumas bem longas, compensadas com as deslumbrantes paisagens que desfrutavámos com respiração ofegante.
Iniciámos o percurso por zonas sem dificuldade de maior até S. Gens, após ter passado pelos Escalos de Baixo, ladeado a Mata e cruzando as terras da Navancha lá fomos em direcção à Ribeira de Alpreade, cruzando-a em S. Gens.
Depois, num trilho algo técnico e maioritáriamente entre muros, chegámos à penosa subida e ainda bastante escorregadía que nos levou até S. Miguel D'Acha, onde parámos no Café da D. Maria para tomar café e repor energias para continuar o nosso treino.
Cruzámos S. Miguel em direcção à Aldeia de Santa Margarida, alternando trilhos com a rota do GR22 e não muito longe da aldeia, virámos azimute ás Martianas e logo a Seguir Monte Leal, por trilhos espectaculares, onde ainda nunca tinha passado e que em diversos trechos se apresentaram bastante difíceis, pela lama, pelos bastantes regos e alguns pela inclinação. Mas lá os conquistámos, não sem antes nos divertirmos com a passagem dum par de ribeiras que nos proporcionaram alguns momentos hilariantes.
Chegámos então ao "rabo do bicho", agora era preciso esfolá-lo e a trabalheira que aquilo foi!!!
Uma interminável e dura rampa fez-nos suar a estopinhas e quase que nos fez arrepender de nos metermos nesta aventura.
Depois, lá no alto e depois duns minutos para acalmar a respiração e baixar as pulsações, lá conseguímos esboçar uns merecidos sorrisos ao apreciar as belas paisagens sobre aqueles bonitos vales, quer à nossa direita, quer à nossa esquerda. Muito bonito!!!
Num sobe e desce chegámos ao alto da Gardunha, quando se sobe por estrada de Alpedrinha e descemos algumas dezenas de metros por alcatrão para virarmos à direita, onde entre pomares de pessegueiros e cerejeiras, pinhal e eucaliptal, em constante zigue-zague, chegámos à Aldeia de Donas, onde comemos algo mais sólido.
Depois veio a grande dose de dureza, sofrimento e o maior chorrilho de impropérios, enquanto íamos lentamente ganhando metros à imponente serra entre movimentos já descordenados mas com bastante vontade de atingir o topo. E conseguímos.
Em trilhos espectaculares, alguns que ainda não conhecia, lá fomos somando metros ao nosso objectivo, maioritáriamente pelo PR1 passando por Alcongosta e nas suas estreitas quelhas acimentadas.
Lá no alto, junto à Casa Florestal, o segundo momento entusiasmante do dia. Que paisagens espectaculares. Só por isso valeu a pena.
As pernas já avisavam que estávamos a entrar no "amarelo", mas na nossa mente ainda estava verde, por isso, toca a dar gáz na louca descida para Castelo Novo que começa junto às antenas do lado da casa florestal.
Chegados a Castelo Novo parámos na fonte no largo principal, para beber um pouco daquela saborosa água e arrefecer os discos de travão.
Até à zona do Vale do Freixo, foi sempre a rolar em boa velocidade, com passagem pelo Vale da Torre, para abrandarmos o ritmo na subida pelo Berrão e novamente a acelerar pela zona das hortas dos Escalos lá chegámos a Alcains, onde o avistamento dos telhados da nossa querida cidade . . . que saudades . . . nos encheu o peito de alegria ao concluirmos que pelo tempo efectuado e pela média conseguida, talvez o SRP160 seja possível.
Resta-nos saber gerir de forma criteriosa, não cometer grandes erros, deixar as grandes cavalgadas para os prós e sobretudo sermos nós próprios e não aquilo que gostaríamos de ser.
Em suma, se as pernas se queixaram bastante, o "rabinho" não ficou atrás, por isso é conveniente não esquecer o "halibut" nestas andanças.
Foi um excelente treino, onde o objectivo do mesmo foi conseguido e onde todos tiraram as suas conclusões e pela positiva, assim creio.
-/.o0o./-
Hoje, Sábado e como o empeno de ontem não foi suficiente, quiz ainda castigar mais este corpinho que cada vez mais creio que não tem juízo e fui participar no "I Raid de Malpica - Tejo Internacional"
Mais 65 kms onde a dureza do mesmo ficou muito além do publicitado . . . anunciava-se oitocentos e tal de acumulado e o meu "brinquedo" marcou 1265m.
Mas tudo bem, eu até gosto.
Quanto ao passeio em sí, gostei, tanto mais que já conhecia a grande maioria do percurso.
Foi a primeira vez que esta rapaziada organizou este raid, notando-se alguma inexperiência neste tipo de organizações, mas muita vontade de agradar e a simpatia foi ponto forte.
Como fiz o percurso marcado por gps, não liguei muito às marcações e os abastecimentos estavam bem posicionados e com tudo o que era necessário para repor energias.
O almoço era composto por grelhados bastante diversificados e eu gostei bastante.
Deixo aqui um incentivo aos organizadores deste Raid para que o mesmo passe a fazer parte do calendário de btt, pois Malpica do Tejo tem muitas potencialidades para a prática da modalidade e não tem só estradões. Tem também muitos e bonitos trilhos para onde quer que dirijamos o nosso olhar.
Já agora, aquele single track junto ao cemitério estava espectacular e a maioria da malta gostou certamente, assim como eu, que adorei . . . mas para a malta da volta pequena, onde normalmente participam as pessoas que querem mesmo ir "numa boa", as senhoras e alguns menos dotados para as partes mais técnicas, acharam aquele bocado um martírio.
Hoje, ao invés do habitual e apesar de ter levado comigo a minha digital, não a usei.
Não só por preguiça, mas também porque quis testar um pouco as minhas capacidades e saber até onde as minhas "pernitas" eram capaz de chegar, após um empeno algumas horas antes.
Fiquei esclarecido.
Hoje foi um post três em um, mas não é só a musculatura que está debilitada, a "cuca" também está a responder com alguns atrazos.

Fiquem bem
Vêmo-nos nos trilhos,
ou fora deles.
AC
Album fotográfico
Treino SRP160

Treino SRP160

Comentários

JValente disse…
Sim Senhor...Ganda Maluco!!

Esse "Treino SRP160" ficou-me atravessado... era de todo impossível ir... mas a vontade de voltar a pedalar com os meus companheiros de GR22 - Grande Rotas das Aldeias Históricas anda por aqui às voltas!

Abraço
João Afonso disse…
Três de seguida !!! não é nada para quem diz que está a " curtos passos dos 60 ".
Parabéns e boa sorte para o SRP 160.
1 abraÇo.

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