Decorreu este fim de semana mais uma edição do "Serra Acima" uma das grandes clássicas do cicloturismo nacional, que ainda se mantém "viva" graças à obstinação do José Morais, um conterrâneo natural de Salvador.
Uma clássica que era para ser nossa, organizada por uma associação ou clube da região, mas vá-se lá saber porquê, anda quase que a mendigar por outros lados.
Começou a ser organizada com partida de Castelo Branco, em parceria com a Associação do Valongo e com final da 1ªa Etapa na Aldeia de Joanes, também com a participação do clube local, após total desinteresse da nossa Associação de Cicloturismo ( só para alguns) que dá primazia aos passeiozinhos de "barriga cheia" tipo Passeios Ibéricos a Malpica do Tejo. (Desconhecia que Malpica tivesse sido conquistada pelos espanhóis).
Posteriormente o "Serra Acima" mudou-se para a Relva (Monsanto) durante um ano e nos anos seguintes para Salvador, terra de onde é natural o José Morais e que conseguiu que esta clássica ali fosse recebida de braços abertos e fazendo juz à hospitalidade das gentes beirãs (nas aldeias, claro, pois cá no burgo, só se o Cristiano Ronaldo participasse no evento!!!)
De então para cá a Junta de Freguesia de Salvador oferece o almoço aos participantes e acompanhantes e isto porque cerca de 400 participantes e respectivos acompanhantes dão um grande colorido e animam aquela gente singela e hospitaleira.
A primeira etapa do evento que decorreu no Sábado, começou então em Salvador e terminou na Aldeia da Vela, lá para os lados de Belmonte, onde a Junta de Freguesia ofereceu também aos participantes e acompanhantes um farto lanche bem à moda beirã, onde não faltou o bom enchido e outras iguarias.
Hoje Domingo, decorreu a segunda etapa, com partida na Vela, antecedida dum espectacular pequeno almoço, também oferecido pela Junta de Freguesia, com final na Torre ( Serra da Estrela).
no Sábado, saí de casa pelas 11h45 em direcção ao Salvador, acompanhado da minha esposa e filha mais nova, normalmente as minhas companheiras nestas andanças e que sem elas muitas vezes não poderia participar.
Almoçámos, fomos tomar o cafézinho e seguidamente comecei a preparar o material e a minha asfáltica para o primeiro dia, quase sempre lento, em ritmo de passeio, para aquecer e tonificar os músculos para o dia seguinte.
A partida foi dada já depois das 15h e a caravana lá partiu em direcção à Vela com passagem por Aldeia João Pires, Aldeia do Bispo, Penamacor, Meimoa Vale Sra da Póvoa, (abastecimento) Terreiro das Bruxas, Carvalhal, Belmonte, Gonçalo, Gaia, Venda da Vela e Vela perfazendo 72 kms em ritmo moderado com alguns momentos de bom andamento.
No Domingo saí de C. Branco pelas 07h30 para dar início à segunda etapa a começar na Vela, onde à chegada a malta foi brindada com um farto pequeno almoço com todos os ingredientes.
A saída foi dada pelas 09h e o pelotão arrancou em direcção à Torre, passando por Gonçalo, Valhelhas, Vale da Amoreira, Sameiro, Manteigas e terminando na Torre após 53 kms bastante diferentes do dia anterior.
Hoje sentia-me particularmente bem e comecei a jornada como sempre faço, cá bem atrás, pois gosto de observar aquele colorido a serpentear estrada acima sem ter que andar a "snifar" gasóleo do carro da organização e evitar tanto quanto possível o "fole" do trava destrava.
Neste segundo dia acompanhou-me o Álvaro que apareceu hoje para subir ao alto da Torre e fizemos companhia um ao outro até Manteigas.
Tudo correu na normalidade, o andamento até foi um pouco mais rápido que no ano transacto e eu aproveitei para ir aquecendo os músculos para a vintena de kms finais.
Em Manteigas, ainda antes de iniciar a subida, aproveitei para me alimentar mais um pouco e foi um pouco mais à frente que começou o "castigo", logo com a dura rampa do viveiro das trutas.
Logo aí adiantei um pouco dois companheiros que também íam com um ritmo certo, pelo menos um deles e logo pensei em verificar o que "aquela roda me poderia ajudar" e para evitar más interpretações começei eu a puxar sempre com aquele companheiro na minha roda, pois o outro foi perdendo terreno.
Algumas centenas de metros mais à frente, procurei o Álvaro, mas ele também já tinha perdido a roda e eu fiquei ali um pouco num dilema, sigo ou espero!!
O Álvaro pareceu entender e fez-me sinal para continuar, pois ele iria ao seu ritmo e assim foi.
Com esse companheiro continuámos uns kms revezando-nos de vez em quando, quando fomos ultrapassados por um elemento da equipa da TAP, mas que não nos conseguiu ganhar muito terreno, pelo que matreiramente nos fomos aproximando e mantivémo-nos na roda dele algum tempo.
Lá mais à frente um outro participante apanhou a nossa roda e formámos um grupo de 4, mas só eu o o companheiro da Tap é que puxávamos e eu não estava interessado nessa táctica pelo que deixei de ir na roda e coloquei-me a par do companheiro da TAP, o que levava melhor andamento e com pedalada certa, pois cá para trás já se soprava muito e aquilo já vinha aos solavancos.
Quando chegámos à curva do Parque de Campismo, o companheiro da TAP acelerou um pouco, aproveitando o vento que ali nos dava uma preciosa ajuda e eu mantive-me sempre junto a ele e pedalámos com ritmo certinho.
Ao olhar para o conta kms duvidei que o aparelhómetro estivesse bom, pois íamos a subir a entre os 18/20 kms/h e assim fomos até ao Centro de Limpeza de Neve.
Os outros dois companheiros não aguentaram a pedalada e eu estava surpreendido comigo próprio, nunca pedalara assim na Serra e em pensamento já me acusava de ter feito asneira e que iria pagar na fase seguinte que era a mais dura.
Após a descida para o Relvão e quando começámos a subir novamente comecei a sentir-me bem e as pernas até estavam a corresponder.
Ía com um carreto 19 e sentía-me bem pelo que continuei.
Km a km fomos galgando terreno e à passagem do túnel o meu companheiro, simplesmente ficou-se, faltaram-lhe as pernas.
Ainda mantive um andamento de forma a que ele colasse, mas já não era capaz e eu também não iria mudar o ritmo, pois estava a sentir-me bem e continuei.
Foi já na recta final que começei a sentir as pernas um pouco pesadas quando me levantei para pedalar e verifiquei que a minha vez de claudicar já estava perto, mas já estava no alto e foi a melhor subida que fiz à Torre de todas as vezes que ali fui.
Para isso contribuiu as minhas últimas aventuras com as subidas em Agosto ao Tourmalet, Soulor, Aubisque e Hautacam e à quinze dias ao Alto da Sra da Graça em Mondim Basto.
Agora está na hora de parar, recuperar e procurar outros ritmos para conseguir manter a longevidade em cima da bike. Os anos não perdoam e temos que ouvir com atenção aquela voz que há dentro de nós e nos murmura bons conselhos, apesar de na maioria das vezes fazermos ouvidos de mercador.
Foi um belo fim de semana onde fiz um bom binómio com a minha asfáltica e agora vou dar um pouco mais de atenção à minha "terráquea"
Fiquem bem
Vêmo-nos nos trilhos
AC
Comentários
Abraços,
http://bloteigas.blogspot.com/
Quero agradecer ao Amigo Cabaço que no decorrer do percurso de Sábado deu-me umas dicas importantes para a subida à Torre, foram muito úteis pelo facto de eu ser estreante neste passeio, que me correu muito bem.
Abraço do Lardosense Luis Franco.