Avançar para o conteúdo principal

"Pelos Vales de Ambroz, Jerte e Alto de la Vera."

Recebi convite do meu amigo facebokiano José Romero Ruiz, para participar na prova, denominada "nor3xtreme", o primeiro GranFondo feito nas terras altas do norte da Extremadura e uma zona que conheço um pouco e me encanta.
Fiquei em "pulgas" para conhecer o percurso, tanto mais que já andava há uns tempos a delinear uma volta por aquelas bandas, em estrada e em btt.
Ao conhecer o percurso, apesar da sua dureza, fiquei logo com vontade de o fazer, mas fora da parte competitiva, apesar de estar classificada como "não competitiva" . . . então mas não é o que todos dizem!!!
3 puertos de 2ª. categoria, 2 de 1ª. categoria e 2 de categoria especial, numa só "tirada" de 158 kms, já fazem uma "boa mossa" e, é sobretudo, uma boa forma de testarmos a nossa superação pessoal, numa boa, de forma lúdica, cultural e porque não gastronómica!
O bom senso, aconselhou-me a levar um grupo pequeno e o mais homogéneo possível e que se identificasse com a minha filosofia, nestas lides das duas rodas a pedal.
Acompanharam-me o Jorge Palma, o Vasco Soares e o Paulo Jalles.
Saímos cedo de Castelo Branco, pelas 05h45, em direção a Hervás, onde fomos dar início a este espetacular percurso montanhoso.
Chegámos aquela bonita povoação pouco depois das 08h00 e pelas 08h30, já rolávamos pela EX205, em direção à N630, que nos levou até Baños de Montemayor, ladeando o bonito embalse de Plasencia em pleno Valle de Ambroz.
A primeira subida até à primeira curva de ferradura deu-nos acesso à CC16, para enfrentarmos a verdadeira primeira dificuldade do dia, com a ascensão a La Gargantada e Collado de Angosturas, um puerto classificado de 2ª. categoria e que nos entreteve durante 9 kms até ao cruzamento da estrada que vem de Hervás a Candelário.
Descemos de novo a Hervás, onde entrámos, depois de cruzar a bonita ponte medieval sobre o Rio Jerte, pelo seu irregular empedrado.
Parámos numa zona de esplanadas e num dos bares locais, tomámos o cafezinho matinal (solo e cortito, ou expresso), enquanto nos preparávamos para a segunda e dura 2ª. parte do percurso.
Já com os estômagos mais aconchegados, voltámos a sair de Hervás, agora "pelo "caminho rural" para La Gargantilla.
Passámos a povoação e num percurso bastante ondulado e algo exigente, seguimos para Segura de Toro e Casas del Monte.
À saída da povoação, o Paulo Jalles, furou o tubular da sua espetacular "lightweight", montado na roda dianteira, que ditou o final da sua aventura velocipédica.
Nenhum de nós o poderia desenrascar, pois usamos rodas de pneu, e por isso, usamos câmaras de ar.
Como não levava consigo nenhum tubular de reserva, nem espuma anti furo, não se pôde tentar remediar a situação.
Tomou a decisão correta de nos mandar seguir. Iria arranjar boleia para Hervás, onde tinha a viatura.
Com o desprazer desta inopinada situação, seguimos o percurso delineado. Nada poderíamos fazer e andar em autonomia é assim mesmo.
 Estes passeios são sempre informais e nada havia que pudéssemos fazer para reparar aquela roda. Interrompermos o passeio e regressarmos todos a casa, após esta longa deslocação, também não seria certamente o que o Paulo quereria.
Descemos à N.630 e pedalámos nesta larga via até entrarmos na CC.V.11.1 para Villar de Plasencia.
Aqui começámos uma dura subida a Cabezabellosa - Pitolero, um puerto de 1ª. categoria, por uma estrada  sinuosa e com bonitas curvas de ferradura, que nos iam alterando a perspetiva sobre o fabuloso Valle de Ambroz, em continua ascensão durante cerca de 10 kms. Estávamos já na comarca do Valle de Jerte.
Ultrapassada esta dificuldade montanhosa, seguimos para El Torno já no alto de La Vera, uma comarca onde pouco pedalámos.
Na praia fluvial de "Benidorm", assim se chamava, comemos algo mais sólido no restaurante local. Um belo "bocadillo" e umas "cañas", deixaram-nos de novo em condições de dar mais umas boas pedaladas.
Descemos à Nacional 110 e parámos no espetacular mirador de El Torno, com as suas esquisitas figuras sobre as rochas.
Terminámos a descida e mais á frente, rumámos a Casas del Castañar, onde iniciámos a mais dura subida do dia, 18 kms constantes pelo Rabanillo até ao Piornal, com a sua terrivel ponta final, denominada pelos "aficionados" de "Mortirolillo".
Chegámos à povoação mais alta da Extremadura e ali parámos numa esplanada para bebermos um fresquinho par de cañas.
A descida do Piornal entre cerejais, pelo fantástico vale de Jerte, foi adrenalínica.
Passámos por Valdastillas e sempre em ligeira ascensão, cruzamos Navaconcejo e mais à frente, Cabezuela del Valle, sempre ladeados pelo belo Rio Jerte.
Passada Cabezuela e um par de kms mais à frente, virámos à esquerda para a última dificuldade do dia, a ascensão do Puerto de Honduras, um categoria especial de uns longos e intermináveis 16 kms, bastante duro para quem já levava quase centena e meia de kms nas pernas.
Mas a beleza do "puerto", as suas curvas em ferradura e as magnânimas vistas sobre o Vale de Jerte, durante a subida, e do Vale de Ambroz na descida, foram amenizando um pouco a coisa.
A última descida do dia, sobretudo nos seus kms finais foi algo espetacular, com a frondosa mata de castanheiros e carvalhos a quase taparem o céu, criando um ambiente deveras fabuloso, para quem desce de bicicleta. Foi a cereja em cima do bolo, nesta maravilhosa aventura de 158 kms, atravessando os vales do norte da Extremadura, Ambroz. Jerte e Alto de la Vera, entre vegetação de alta montanha, florestas de carvalhos, castanheiros e longos cerejais e sobretudo, na companhia dum bom trio de amigos.
Foi mais uma aventura à minha moda, com aquela característica lúdica, cultural e até gastronómica, informal e em completa autonomia.

Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles
AC

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Passeio de Mota pela Galiza"

Mesmo com a meteorologia a contrariar aquilo que poderia ser uma bela viagem à sempre verdejante Galiza, 9 amigos com o gosto lúdico de andar de mota não se demoveram e avançaram para esta bonita aventura por terras "galegas" Com o ponto de inicio no "escritório" do João Nuno para a dose cafeínica da manhã marcada para as 6 horas da manhã, a malta lá foi chegando. Depois dos cumprimentos da praxe e do cafezinho tomado foi hora de partir rumo a Vila Nova de Cerveira, o final deste primeiro dia de aventura. O dia prometia aguentar-se sem chuva e a Guarda foi a primeira cidade que nos viu passar. Sempre em andamento moderado, a nossa pequena caravana lá ia devorando kms por bonitas estradas, algumas com bonitas panorâmicas. Cruzamos imensas aldeias, vilas e cidades, destacando Trancoso, Moimenta da Beira, Armamar, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Parada de Cunhos, Mondim Basto e cabeceiras de Basto, onde paramos para almoçar uma bela ...

"Passeio de moto pelo Alto Douro Vinhateiro"

"O que é bonito neste mundo, e anima, é ver que na vindima de cada sonho fica a cepa a sonhar outra aventura." (Miguel Torga) Com a  excelente companhia dos amigos Luís Miguel, João de Deus e Marta Farias, fomos "desbravar" algumas das encantadoras estradinhas panorâmicas do Alto Douro Vinhateiro. A saída foi programada para as 07h00 e, já na companhia do Luís Miguel, fomos até Penamacor, onde o João e a Marta já nos aguardavam junto às bombas de combustíveis locais. Já agrupados rumamos ao norte cruzando Meimoa, Vale da Srª da Povoa, Terreiro das Bruxas, Santo Estevão e Sabugal. A partir desta vila e com a bonita visão do seu famoso castelo das cinco quinas, entramos em terras de Ribacoa, onde o frescura matinal nos atormentou um pouco e nos fez reconhecer que o verão já lá vai e as temperaturas vão já sofrendo metamorfoses, sobretudo em algumas zonas e, esta é uma delas. Logo após abandonarmos o Sabugal, viramos à direita para as Quinta...

"Sobrainho da Ribeira"

"Hoje foi dia de ir passear a minha "ézinha", em andamento relaxado, pois no próximo fim de semana, tenho a minha peregrinação anual a Fátima. Dois dias de puro btt, logo com o primeiro a chegar ao final, em Constância, após 125 kms em plena comunhão com a natureza, com a bica da cerveja preta e das belas sandes de presunto, ali para os lados da Aldeia do Mato. O segundo será mais "maneirinho" e também muito mais curto, orientado ao puro divertimento, pelos fantásticos singles de Almourol e Serra D'Aire. Saí de casa já um pouco tarde, com os ponteiros do relógio quase a posicionarem-se nas 08h30. Rumei ao Cabeço do Infante, com passagem pela Taberna Seca e Vilares e, ali efetuei a primeira paragem para o cafezinho matinal. Sempre de forma descontraída, continuei as minhas pedaladas passando Sarzedas e descendo ao cruzamento para o Salgueiral e Sobrainho da Ribeira. Escolhi o Sobrainho da Ribeira. Nesta bonita estradinha panorâmica, ...