Foz do Cobrão
À margem esquerda do Ocreza aflui a ribeira do Cobrão. Foi aí que nasceu a antiga povoação que mais tarde subiu encosta acima, fixando-se num local de magníficas paisagens. A brancura das suas casas e as pinturas dos socos dá a entender a proximidade do Alto Alentejo. A crista quartzítica da serra das Sarnadas emoldura-a e abriga grifos e cegonhas-negras que, lá do alto, observam rochas com cerca de 500 milhões de anos marcadas pela ondulação e pelos fósseis de um oceano que já não é. O Rio Ocreza espelha-se a seus pés antes de galgar o açude construído há anos.
Nesta aldeia conjugam-se a paisagem natural esculpida por um Oceano antigo com a imaginação dos homens que ali impuseram a sua cultura agrícola, essencialmente feita de oliveiras em socalcos seguros por muros de xisto: ainda hoje o azeite desta região é de elevadíssima qualidade. Esta é uma terra onde ainda se revivem essas tradições antigas. Uma das mais interessantes é o garimpo do ouro nas margens do rio Ocreza e na ribeira do Cobrão. Aventure-se a descobrir uma pepita.
Saímos um pouco mais tarde que o habitual, cerca das 07h30 e combinámos ir dar uma passagem pelo bonito vale de Almourão e aldeia de Foz do Cobrão, saindo em direção aos Montes da Senhora.
Abandonámos a cidade pela variante à IP2 e com um desvio por Cebolais de Cima e Cebolais de Baixo, rumámos a Vila Velha de Rodão com passagem pelo Coxerro.
A paragem na Bolaria Rodense já é prática corrente, assim como a degustação do pastelito de nata, na parte que me toca, a acompanhar a matinal dose de cafeína.
Hoje em ritmo mais moderado e privilegiando a conversa, subimos à aldeia de Távila com passagem por Gavião de Rodão.
Passámos sob o viaduto da A23 e continuámos por Alvaiade e Sarnadinha, para entrarmos na M.545 para o Chão das Servas.
A partir desta pequena povoação que dá entrada a uma das mais bonitas secções do vale do rio Ocreza e até à aldeia de Foz do Cobrão é para mim uma maravilha pedalar naquela estradinha panorâmica com fantásticas vistas sobre o rio e foz da ribeira do Alvito.
Subindo agora um pouco chegamos ao miradouro das portas de Valmorão, agora requalificado e com umas vistas bem bonitas.
Depois de apreciarmos toda aquela bonita envolvência paisagística descemos à aldeia de Foz do Cobrão pelas suas estreitas e inclinadas ruelas até à ponte sobre o rio Ocreza, onde efetuámos nova paragem, para dar uma espreitadela mais prolongada sobre aquele agradável lugar.
Até aqui o vento foi sempre nosso inseparável companheiro de viagem, mas sem ser muito incómodo, mas logo que passámos a ponte a seguir ao cruzamento de Sobral Fernando e tomámos a direção aos Montes da Senhora, a coisa mudou de figura.
A estrada tornou-se mais ascendente e o vento começou a causar alguns desequilíbrios e a dificultar a progressão, mas lá fomos pedalando e cruzando as aldeias de Rabacinas e Chão do Galego até chegarmos aos Montes da Senhora, onde parámos no café do largo da igreja, para nos refrescarmos com uma bebida fresca e atestarmos os bidons de água no fontanário local.
O vento aumentou de intensidade quando abandonámos a aldeia e passou a soprar com algumas rajadas e, já na N.233, pedalávamos com vento frontal e bastante incomodativo.
Não foi nada agradável e o que até aqui tinha sido um agradável passeio, passou a ser mais penoso e desagradável.
Depois da Catraia Cimeira, Monte Gordo e Vale d'Água, parámos no fontanário à saída de Sarzedas para de novo atestarmos os bidons com água.
Continuámos por Cabeço do Infante, Vilares de Cima e descemos à ponte do Rio Ocreza para enfrentarmos a última subida do dia à Taberna Seca, hoje bastante dificultada pelo vento, tornando-se mesmo um suplicio.
Chegámos à cidade após 98 kms pedalados num bonito percurso circular, mas hoje, dispensámos a tertuliazinha da praxe, pois o banhinho retemperador e um descansozinho eram a prioridade.
Valeu a primeira parte do passeio pelo convívio e pela pedalada descontraída e, sobretudo, pela bonita envolvente paisagística.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC
Comentários