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"II Cicloperegrinação Castelo Branco > Fátima, em Btt"

Pelo segundo ano consecutivo, concluí uma das minhas obstinações anuais, que consistia pela segunda vez, na ligação em btt de Castelo Branco a Fátima.
Se no ano transacto, tive a companhia de três amigos, que comigo partilharam esta aventura, este ano foram 18, que me acompanharam a Fátima.

Sete de Castelo Branco e doze de Alcains, que formavam a maioria dos Papaléguas, um grupo de rapaziada que desde a sua constituição, têm dinamizado o desporto na região, nomeadamente, na vertente de Btt com a já afamada Maratona de Alcains, sem esquecer os bem organizados passeios pedestres, uma mais valia para o concelho.
Mas chega de dar "graxa" e vamos à narrativa.

Das "ruínas" da Pires Marques, outrora o principal centro de encontro de betetistas e onde alguns deixaram os "cueiros", nesta coisa da pedalação, saíram 19 betetistas bem animados, tendo como horizonte, a ligação em Btt de Castelo Branco a Fátima, num espírito peregrino, de companheirismo e auto suficiência, neste caso, não todos, pois alguns têm ainda dificuldade em lidar com o espírito de sacrifício necessário para uma aventura deste género, coisa normal para quem participa pela primeira vez.

Este ano com algumas ligeiras alterações no percurso, relativamente ao ano passado, encurtaram a primeira etapa em cerca de 5 kms.
Por outro lado, enriqueceu-a em termos paisagísticos e qualidade de trilhos, isto no meu entender.

Por trilhos algo arenosos, rumámos a Vila Velha de Rodão, com passagem no Lucriz e Salgueiral, efectuando a primeira paragem do dia, numa padaria na zona industrial, para tomar o pequeno almoço com algumas iguarias de fabrico próprio naquele estabelecimento.

Seguimos depois pela ponte sobre o rio Tejo e após algumas centenas de metros virámos à esquerda para nos deliciarmos num trilho que rodeia o rio, seguindo-o até às fisgas do tejo, percurso este que há alguns anos vem sendo utilizado na Transportugal, pelo António Malvar.

Aí abandonámos esse trilho e iniciámos uma dura subida para entroncarmos num outro trilho que segue entre eucaliptal à meia encosta e, uns kms mais à frente, numa nova viragem à direita, uma outra subida, também ela com bastante dureza, dificultada ainda pela pedra solta e roliça, que fez a malta dançar até ao alto da serra, onde as paisagens, sobre o Vale do Arneiro e Aldeia do Pardo, nos fizeram esquecer tais dificuldades.

Numa rápida descida, depressa atingímos a N.18, que cruzámos e após umas centenas de metros, saímos para um trilho que nos levou à bonita Aldeia do Pardo, entre vastos olivais.
Ziguezagueando por zona de esteval, chegamos ao estradão para a ponte da Ribeira de Niza, para encetarmos de seguida a longa subida para a aldeia da Velada.

Já em terrenos mais planos e depois de passar Monte Claro, chegámos a Arez, onde era previsto ingerírmos algo mais sólido e tendo em mente a famosa sopa de couve, que tão bem nos soube o ano passado. Mas por azar a cozinheira e proprietária do estabelecimento estava doente e em sua substituição, alguém que era uma figura fiel ao que se diz sobre os alentejanos!!! (lentinho quanto baste)

Não houve sopa para ninguém, apenas umas quantas sandes, assim à laia de grande favor e só após uma senhora que estava no café ,se ter voluntariado para as confeccionar.
Quanto a bebidas, se por ali nos mantivessemos mais algum tempo, de certeza que esgotavam. E tanto se fala da crise!!!

Depois de Arez, entretivemo-nos então a pedalar nuns quantos kms de alcatrão, pois por alí, caminhos há muitos, mas não para onde queremos ir e, já quase no final da recta, que eu chamo da Margalha, virámos então à direita para os eucaliptais e por estradões arenosos chegámos à Atalaia e pouco depois, ao final da primeita etapa, o Gavião.

Finalmente e após 98 kms chegámos à Residencial S. João, onde tinhamos reservado alojamento e tudo estava conforme planeado.
Já com o pó retirado do corpo, foi um ataque cerrado às bjecas e outras, sem discriminação de cor, até que chegou a almejada hora do esparguete, que nos foi servido acompanhando umas boas tiras de carne assada, desenfastiada por um par de rodelas de ananáz. Gostei, e creio que a rapaziada também ficou satisfeita.

E tudo isto se passou no Restaurante S. João, propositadamente aberto para nos servir. Uma mordomia!!! Então e não é que para tudo ficar perfeito, até Portugal ganhou o joguito de futebol, por um expressivo 3-1, coisa que já não estávamos habituados.

No dia seguinte, pelas 07h, era já um rodopio, com a malta a preparar as bikes e a encomendar o pequeno almoço, também ele servido no estabelecimento ao lado da residencial.
Panikes, croissants e sandes variadas, atestaram os corpinhos da malta, já em pulgas para dar início à segunda e última etapa que terminaria no Santuário de Fátima.

Pelas 07h55, saímos então pela estrada que segue para o Alamal e pouco depois virámos à esquerda para a aldeia de Cadafaz, onde nos embrenhános em eucaliptais e em trilhos algo difíceis de pedalar, por serem bastante arenosos e pedregosos, até que quase fomos obrigados a parar, para apreciar a fantasmagórica paisagem que do alto se vislumbrava, quase até Abrantes. Sobre as baixas nuvens, apareciam as pontas das duas chaminés da Central do Pego. Simplesmente espectacular.

Depois da adrenalínica descida, seguímos em direcção a Alvega e Rossio ao Sul de Abrantes, com paragem no bonito espaço da Aquapolis, para um ligeiro abastecimento. A nebulosidade sobre o rio mal nos deixava ver a cidade de Abrantes, do outro lado do rio.

Mas a partir dali, o sol começou a fazer a sua aparição em força, tornando o dia bastante quente, dificultando-nos bastante a progressão. Com passagem no agradável Parque de S. Lourenço, efectuámos depois uma técnica descida e passando sob o viaduto da A1, continuámos ondulando por várias pequenas povoações, até à zona dos milharais que se estendem até Constância, onde entramos pela parte antiga, bem bonita por sinal e, num snack bar junto ao rio, efectuámos nova paragem para um abastecimento mais sólido.

À semelhança do ano passado, contávamos com a sopinha de peixe da praxe, mas mais uma vez fomos azarentos, pois a dita, só estaria disponível a partir das 12h30.
Mas não nos fizemos rogados e atacámos em força nas sandes feitas com um pãozinho caseiro, que era uma delícia, ora mistas, ora simples, foi um rodopio. As empadas e as coca colas esgotaram, assim como o presunto e o pão esteve em vias de extinção naquele estabelecimento.

A partir de então a altimetria complicou-se, com o terreno a empinar mais um pouco e as zonas de subida eram quase uma constante, ou não ficasse Fátima lá no alto.
Mas já não havia dificuldade que nos impedisse de antingir o objectivo, no meu caso, mais um final de etapa, para a maioria dos participantes deste ano, a glória de chegarem a Fátima, após duas etapas, ambas com alguma dureza.

Toda a gente conseguiu chegar ao final sem problemas de maior, uns com mais, outros com menos facilidade, mas todos eles foram os grandes protagonistas de mais um fim de semana pleno de bom btt, onde o companheirismo, a camaradagem e a capacidade de superação pessoal, em especial para quem pela primeira vez se aventurava neste tipo de distâncias, foram uma constante.

A chegada ao Santuário deu-se pouco depois das 16h, no Parque nº.2, após 105 duros kms e foi bem patente nos rostos da rapaziada, a alegria de terem concluído esta aventura.
Um obrigado aos amigos Papaléguas pela excelente companhia, assim como aos amigos de Castelo Branco e para o ano, irei certamente continuar a minha cicloperegrinação bi-anual a Fátima, com a asfáltica em Maio e de Btt em Outubro.

Após a voltinha da praxe pelo recinto do Santuário e as visitas habituais, eu, alguns amigos e respectivos familiares, rumámos à pitoresca aldeia de Zaboeira, numa das margens da Barragem de Castelo de Bode, para degustarmos uns belos achigans fritos e grelhados, acompanhados dumas soberbas migas e dum arrozinho de tomate, para rematar, regados com uma pinga do Cartaxo e uns docinhos para tirar o sabor do peixe.

Para o ano, nova aventura, caso as pernitas o permitam!!!

Fiquem bem
Vêmo-nos nos trilhos
AC

Comentários

João Afonso disse…
Obrigado mais uma vez por esta fantástica aventura ! Para o ano conto estar presente novamente.
1 abraÇo.
P.S. Talvez em Maio já tenha bike asfáltica para também poder participar nessa diferente vertente do ciclismo.
FMicaelo disse…
Excelente aventura! São estas que dão gosto á vida! Novas fronteiras, novas paisagens, novos trilhos - um destino comum e emblemático que ainda fortalece mais o prazer da pedalada!
Por ano lá estaremos em asfaltica e/ou BTT.
Anónimo disse…
Quero começar por deixar aqui um MUITO OBRIGADO ao Amigo António Cabaço por me ter proporcionado, mais uma vez, a oportunidade de fazer algumas das coisas que me dão mais prazer na vida durante este fim de semana, andar de bicicleta, conviver com amigos, comer e beber, em harmonia com a natureza e, desta vez com fim num lugar que não deixa ninguem indiferente e que a mim, reconheço-o aqui, me trouxe algumas lágrimas de emoção à chegada.
Isto tudo foi conseguido com o empenho e organização, EXCELENTE (para utilizar uma só palavra) do António.
Também quero agradecer a todos os outros, o espirito de camaradagem e de entreajuda que disponibilizaram durante a cicloperegrinação, que facilitaram e nos fizeram esquecer o esforço necessário para ultrapassar algumas dificuldades.
Um grande ABRAÇO
Silvério
P.S. O que uma bjecas não conseguem, até conseguiste ver mais um golo do que eu...!!!!
PapaLeguasAlcains disse…
A todos quantos participaram nesta aventura, o meu muito Obrigado, em nome da Associação Papa-Léguas de Alcains! Em especial ao Amigo Cabaço que tão habilmente nos guiou e que nos deu esta oportunidade de nos estrearmos nestas andanças dos "longos Raids" e dos quais ficámos fãs e com muita vontade de repetir. O voltar a Fátima em Maio (por asfalto) não está excluído das nossas próximas ambições... e se o Amigo Cabaço e outros Amigos aceitarem novamente a nossa companhia, nós estaremos prontos para mais esse desafio... Um Grande Abraço Companheiros... Até à próxima aventura.... Bem-haja Cabaço!
Carlos Gonçalves
SALES disse…
Quero deixar aqui o meu testemunho, eu não sou novo nestas andanças de raids mas este é de todos o mais importante e sentimental tambem devido ao objectivo de alcançarmos o altar do mundo, esse lugar emblemático que eu particularmente gosto e me enche de paz. Mas quero agradecer em especial ao Amigo Cabaço e a todos os companheiros e amantes do pedal que por dois dias é todos por um e um por todos, porque a palavra competição fica para outras provas.
Para o ano lá estarei se Deus quiser e se ainda estiver força nas pernas...lol
Um Abraço Carlos Sales
Pmbaraujo disse…
Boas malta amiga desta cicloperegrinaçao,

Só tenho uma coisa a dizer para o ano lá estarei novamente se Deus quiser.Fiquei extremamente fã destas aventuras de btt e amigos ao mais alto nível.

Abraços

Pedro Araújo
Unknown disse…
Excelente aventura. boa camaradagem e espeitito de ajuda.Para o ano la estarei se possivel. O muiuto obrigado ao amigo Cabaço

João Roxo
Anónimo disse…
Olá a todos,
foi com pena minha que no ano passado não pude estar presente... este 2º ano para além de um desafio seria a confirmação de um desejo que quis partilhar com o amigo Cabaço desde a 1ª hora... deixo o meu testemunho pessoal, pela aventura,pelo significado espiritual e sobretudo pelos laços de entre-ajuda... obrigado AMIGOS!
1 Abraço (Pio)
Luis Lourenço disse…
Obrigado ao chefe Cabaço pela ligação espectacular!! Isto porque a partir de V. Velha (ou perto), acresce o interesse pelo desconhecimento dos trilhos que nos esperam, enfim é o que se ganha com estas aventuras.
Venham muitas, haja iniciativas e se puder eu vou.
A forna fisica ajuda, mas o espirito da coisa também leva a menor condição fisica até ao fim.

1 abraço à malta da perigrinação de 2009!!

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