Avançar para o conteúdo principal

Transpirenaica - "Roncesvalles - Etxalar"

Dia 13 - "Ronvescalles - Etxalar" - 75 kms.

Um bom "desayuno" no "comedor" da Posada, foi o início para mais uma dura etapa da travessia pirenaica, a penúltima, para atingir os longos areais de Hondaríbia e o "Tren Sud Express", em Irun, que nos traria de retorno a casa.
Começámos logo com a suave ascensão ao Puerto Ibañeta, que tão gratas recordações me trouxe da minha aventura de asfáltica de Castelo Branco a Lourdes (França) em 2002, recordando a lindíssma e adrenalínica descida do puerto a Arnéguy, a pequena povoação fronteiriça com ligação a S. Jean Pied Port, onde terminei essa já longínqua etapa.
Chegados ao alto de Ibañeta, o primeiro de referência para os peregrinos de Santiago, virámos à esquerda, sempre em ascensão, pedalando numa das mais importantes zonas de passagem de aves migratórias entre a Península Ibérica e o Norte da Europa.
Tinhamos já entrado em território Francês.
Seguiu-se uma longa e suave descida entre bonitos e sombrios bosques até Banca, povoação fronteiriça que nos fez entrar de novo em território espanhol.
A dura subida que tivemos que enfrentar ao Collado d'Ellorrieta, foi longa e brutal. A mais longa e esforçada deste dia. Quer pelas duras secções de pendente que tivemos que ultrapassar, quer pela beleza da sua paisagem, onde os longos e verdes prados se "espraiavam" até onde a nossa vista podia alcançar..
Estávamos agora a pedalar na zona de Baztan, famosa pelos seus magníficos e panorâmicos vales.
Parei  nas proximidades de um pequeno e abandonado refúgio de pastores, denominado  "El Bondazar" e numa fresca e abundante sombra, aproveitei para trocar as pastilhas de travão da minha esforçada Trek 6700, já gastas pelos kms percorridos e pela dureza do terreno.
Já com os discos mais aconchegados pelo novo kit de travões,  lancei-me com os meus companheiros na descida a Erratzu, por uns trilhos soberbos e onde pedalar dava um gozo imenso.
Passámos por Bozarte e parámos em Ordoki, onde almoçámos num típico restaurante, cuja sala se assemlhava a uma velha adega, transformada para o efeito.
Foi castiço e a ementa foi do nosso agrado.
Já com o papinho cheio subimos a mais um collado, noutra das caras dos Valles de Baztan, com uma ou outra subida com forte pendente, para depois, já lá no alto, nos rendermos à beleza dos imensos prados sulcados de pequenas manadas de cavalos selvagens, na sua maioria ponéis, em perfeito contraste com os profundos verdejantes vales, onde se acantonavam belíssimos "pueblos" de montanha.
Passámos anda nas proximidades de alguns bunkers provenientes das guerras napoleónicas, antes de começarmos a descer para Euskisaroi.
As grandes dificuldades já tinham ficado para trás e pedalávamos agora em direção a Etxalar.
Chegámos àquela bonita povoação e em vão procurámos alojamento.
Valeu-nos a proprietária do Bar onde abancáramos para bebericar umas fresquinhas "cañas" que nos indicou o Hotel Etxalar Spain, a cerca de 3 kms, onde acabámos por ficar alojados.
Faltava já uma única etapa para concluir este repto pirenaico. Os meus olhos ansiavam já por ver o mar, as minhas narinas por cheirar a sua maresia e os meus pés, pos sentir aquela fina, ou mesmo grossa areia, das extensas e belas praias de Hondarríbia.
Separavam-me desse ansiado momento apenas 56 kms, que ligariam a última montanha ao mar.

Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC


Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Passeio de Mota pela Galiza"

Mesmo com a meteorologia a contrariar aquilo que poderia ser uma bela viagem à sempre verdejante Galiza, 9 amigos com o gosto lúdico de andar de mota não se demoveram e avançaram para esta bonita aventura por terras "galegas" Com o ponto de inicio no "escritório" do João Nuno para a dose cafeínica da manhã marcada para as 6 horas da manhã, a malta lá foi chegando. Depois dos cumprimentos da praxe e do cafezinho tomado foi hora de partir rumo a Vila Nova de Cerveira, o final deste primeiro dia de aventura. O dia prometia aguentar-se sem chuva e a Guarda foi a primeira cidade que nos viu passar. Sempre em andamento moderado, a nossa pequena caravana lá ia devorando kms por bonitas estradas, algumas com bonitas panorâmicas. Cruzamos imensas aldeias, vilas e cidades, destacando Trancoso, Moimenta da Beira, Armamar, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Parada de Cunhos, Mondim Basto e cabeceiras de Basto, onde paramos para almoçar uma bela &quo

PPS PR1 e PR2 - Caminho de Xisto do Fajão e Ponte de Cartamil,"

"Eu escolho viver, não apenas existir." (James Hetfield) Em dia de mais uma das minhas caminhadas, sempre na companhia da minha cara metade e excelente companheira nestas minhas passeatas pela natureza, fomos até à bonita Aldeia de Xisto de Fajão. Fajão, é uma aldeia de contos, que convive com as escarpas quartzíticas dos Penedos de Fajão, encaixada numa pitoresca concha da serra, alcandorada sobre  o Rio Ceira, perto da sua nascente, cuja configuração faz lembrar antigos castelo naturais. Chegamos à aldeia pouco depois das 08h30, sob intenso nevoeiro, que nos criou alguma apreensão sobre se daríamos, ou não, inicio à caminhada. Mas a impressão era de que a neblina estava a levantar e o sol começaria a iluminar o bonito Vale sobre o Rio Ceira, rodeado pelos impressionantes Penedos de Fajão e pela Bela Serra do Açor. A beleza que ainda não à muito tempo caracterizava aquela zona, era agora um pouco mais cinzenta, depois da devastação causada pelos fogos

"Açudes da Ribeira da Magueija"

Com o dia a acordar liberto de chuva e com nuvens pouco ameaçadoras, juntei-me ao Jorge Palma, Vasco Soares, António Leandro, Álvaro Lourenço, David Vila Boa e Ruben Cruz na Rotunda da Racha e resolvemos ir tomar o cafezinho matinal ao Cabeço do Infante. Fomos ao encontro do Paulo Jales, que se juntou ao grupo na Avenida da Europa e lá fomos em pedalada descontraída e na conversa dar a nossa voltinha asfáltica. O dia, bastante fresco mas solarengo, convidava mesmo a um bom par de pedaladas. Passámos a taberna Seca e descemos à velha ponte medieval do Rio Ocreza, onde fomos envolvidos por um denso nevoeiro junto ao leito do rio e por um friozinho que se foi dissipando na subida aos Vilares, assim como a neblina, que nos abandonou logo que iniciámos a subida. Passámos por S. Domingos e paramos mais à frente, no Cabeço do Infante para a dose de cafeína da praxe. Dois dedos de conversa e cafezinho tomado, foi o mote para voltarmos às bikes. O David e Ruben separaram-