Ontem foi dia de mais uma volta asfáltica, daquelas que nos enchem a alma e desafiam o espírito.
Programada como volta de preparação para a ligação Covilhã - Albufeira pelo Pelotão Cavaca, a volta pelo Acebo com ascensão do espetacular Puerto de Perales, no coração da Sierra de Gata, era um desafio que já andava a magicar à algum tempo.
Assim, aproveitei a companhia do sempre animado Pelotão Cavaca e juntei-me ao grupo.
Como o Álvaro Martins me contatou na sexta feira para uma voltinha asfáltica, lancei-lhe o convite para me acompanhar.
Não desperdiçou a oportunidade e resolvemos iniciar o percurso em Penamacor, acompanhado o grupo no trajeto por eles delineado até Quadrazais, onde nos despediríamos da malta e regressaríamos a Penamacor cruzando a Serra da Malcata pelo parque eólico.
Saímos da cidade pelas 07h40 e na minha fragonete, rumamos a Penamacor, deixando-a estacionado no parque das bombas de combustível.
Preparamos as bikes e restante material e fizemo-nos à estrada, em ritmo lento, aquecendo um pouco até sermos apanhados pelo grupo que vinha da Covilhã, com passagem marcada no local para as 08h54.
Sempre em conversa amena lá fomos dando as primeiras pedaladas até sermos apanhados pelo grupo já á chegada á ponte sobre a Ribeira da Baságueda.
Já com cerca de uma dúzia de praticantes desta fantástica modalidade lúdica seguimos em direção a Valverde del Fresno, já em "tierras de nuestros hermanos" e para mim e o Álvaro a primeira que cruzamos nesta nossa aventura.
Fletimos à direita e entretidos a mirar aquelas bonitas panorâmicas sobre a aldeia de Eljas, cravada numa das encostas da serra, o bonito e verdejante Vale de ´Xálima e as imponentes ruínas do Castelo de Trevejo, Teso de Porras e o mítico Pico Jálama, foram prendendo a nossa atenção até chegarmos ás proximidades de Hoyos, onde sobre a nossa direita a extensa "dehesa" embelezada pelo espetacular "embalse de Borbollón", nos encheram as vistas de paisagens únicas agora enriquecidas com as brutais cores primaveris.
Ladeada a aldeia de Hoyos, viramos à esquerda e seguimos para a linda aldeia de Acebo, onde paramos numa das suas bonitas praças para abastecimento líquido e sólido.
Alguma rapaziada já vinha precavida de casa, mas eu não prescindo do belo "bocadillo" e da refrescante "caña com limon", desta vez também acompanhado pelo Álvaro.
Depois de algumas fotos e de alguns companheiros atestarem de água na fonte ali existente, seguimos para um dos momentos altos do dia com a ascensão do Puerto de Perales.
Uma subida recheada de explêndias paisagens, únicas, daquelas de encher o olho e a que ninguém fica indiferente.
Foram cerca de dez kms até ao limite da comarca de Cáceres, para entrarmos na outra meseta, já na comarca de Extremadura.
Descemos até ao "cruce de Carvajales, onde fletimos à esquerda em direção a El Payo.
Não chegamos a entrar na povoação e numa nova viragem à esquerda seguimos até ao cruzamento do tanque, onde tomamos o rumo a Navasfrias.
A partir daqui o tempo começou a ameaçar umas pingas de chuva, ameaça que se concretizou após cruzarmos a fonteira rumo à Aldeia do Bispo.
Passamos pela aldeia já com a chuva a cair, fria e algo intensa molhando bem o corpinho e a estrada.
Passamos Foios e Vale de Espinho sempre com a chuva a cair, dando-nos alguma trégua à chegada a Quadrazais, onde nos despedimos da malta, que seguia em frente, para o Sabugal rumo à Covilhã.
Eu e o Álvaro seguimos pela linda e panorâmica estradinha que liga Quadrazais à castiça aldeia da Malcata, situada junto à Barragem do Sabugal, em pleno parque natural com o mesmo nome.
Adorei pedalar naquela estrada, com uma panorâmica fantástica, onde o Rio Côa tem parte integrante.
A descida à aldeia de Meimão, fez-me parar algumas vezes para apreciar aqueles vales a divida montanhas com uma beleza impar.
Depois de passar o Meimão, seguimos para a Meimoa, ladeando a barragem com o mesmo nome.
Uma espetacular bacia hidrográfica, vestida de cores verdejantes a contrasta com o azulado das suas águas.
Depois de passarmos a Meimoa, fomos de novo visitados pela chuva, agora mais intensa e de fortes bátegas, a que pouco depois se juntou uma forte ventania que nos apanhou de frente, dando origem a que o último par de quilómetros fosse de dificuldade acrescida.
Mas nem a chuva nem o vento beliscaram esta maravilhosa volta na companhia da rapaziada do Pelotão Cavaca, um grupo animado e sempre bem disposto, que vive o ciclismo de uma maneira intensa e verdadeira. Um grande grupo, em número e atitude.
Foram 155 kms pedalados por belos locais, visitando pitorescas aldeias, enchendo as retinas de fabulosas paisagens, entre coloridas serranias, pelo sempre fantástico Parque Natural da Serra de Gata.
Já de regresso a casa, fizemos ainda uma paragem no restaurante Zé Galante, no cruzamento das Águas, para uma bela bifana e uma jola fresquinha, para repor algumas das calorias perdidas, antes do banhinho retemperador que nos esperava na chegada a casa.
Em breve penso voltar à Serra de Gata, uma zona onde adoro pedalar, seja por asfalto, seja pelo monte.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC
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