Dia 07Set
5. ETAPA
LUZ ST SAUVEUR - MONTORY

Após a duríssima etapa de ontem, com 5 passagens de montanha, sendo duas de 1ª. categoria e uma de categoria especial, em termos ciclísticos, mas em termos cicloturísticos, são autênticos colossos.

Após o términus da 4. Etapa, tive que adoptar tratamento de choque, para conseguir recuperar os músculos para a também bastante dura etapa de hoje, com a terapia do gelo sobre os músculos e uma auto massagem com gel recuperante.

O jantar foi à base de esparguete, pois as minhas filhas, logo que cheguei saíram em trabalho de pesquisa pela vila, em busca de uma pizzeria.

Pela manhã e após o pequeno almoço, tomado no hotel, preparei a bike, como habitual, carreguei os bolsos do Jersey com comida, telemóvel, máquina fotográfica, elementos de identificação e seguro e fiz-me à estrada.

Desta vez tive 15 kms para rodar e fazer o aquecimento até Argelés-Gazost, cidade onde começa a subida ao Col D’Aubisque, com passagem pelo Col du Soulor.

Esta zona já é para mim sobejamente conhecida, pois ultimamente tenho por aqui passado umas fériazitas.

Já conhecia a subida do ano passado, e como tal, já sabia onde doía mais.

Mas as coisas são tão diferentes . . . o ano passado subi ao Col D’Aubisque com partida de Argelés-Gazost, completamente descansadinho, mas este ano, já trazia quatro etapas de montanha nas pernas, cerca de 500 kms e o corpinho todo dorido.

E dei início à subida, como sempre faço, com moderação e andamento certinho.

E lá fui subindo, km a km, com as pernas a doerem-me um pouco, mas cumprindo a minha vontade, ultrapassar mais esta dura montanha e a última desta classe.
O suor corria em bica causando desconforto, mas não ía desistir e pelo contrário, começava a sentir-me bem, apesar de sentir as pernas cansadas, mas correspondiam ao meu desejo.
Para me compensar do esforço, as brutais paisagens que podia observar lentamente em toda a subida, nesta zona, que para mim é uma das nais bonitas de toda esta aventura.
A passagem pelo incrível Vale de Azun, as espectaculares paisagens, com os incríveis vales a perder de vista do Alto do Soulor e o incrível Cirque du Litor no Aubisque, não podem deixar ninguém indiferente.

Quem não está habituado a ver este tipo de paisagem, fica simplesmente deslumbrado, e eu fui uma dessas pessoas quando por ali passei pela primeira vez e desde então, quase que faço peregrinação todos os anos.
É indiscritível e eu não tenho capacidade para transmitir toda aquela beleza e imensa grandeza por palavras!!!

Quando cheguei ao Col do Soulor, com 18 kms de subida, parei para comer algo mais sólido e hidratar-me com bebida fresca.

Logo ali arranjei um amigo, um jumento que insistiu em ajudar-me a comer a merenda e beber uma bebidinha reidratante.

Foi num momento hilariante e que me fez esquecer o que sofri para ali chegar.

Pouco tempo depois e após uma breve descida, mais 8 kms até ao Col D’Aubisque, que fiz descansadamente apreciando a paisagem, pois quem por ali passa com pressa e sem olhar em seu redor, não merece por ali passar.

Já no alto do Aubisque, mais uma pequena paragem para a foto e para vestir o corta vento para a longa descida até Laruns, eis que logo ali arranjo outro amigo, desta vez um valente garrano que queria lamber o salitre que me assomava na roupa. . . e esta, heim!!!

Lá fiz umas festinhas ao animal que não me largava e tive que me ir embora antes que me começasse a lamber.

A descida foi adrenalínica e vertiginosa, para mim claro, pois descer a 60/70 kms/h é agora o meu limite e já me dou por satisfeito e mesmo assim, de vez em quando apanho um calafrio.
Sei que a maioria do pessoal daria certamente mais velocidade, mas cada um rege a orquesta com a sua batuta.
Em Laruns tive uma prenda envenenada, pois a estrada era bastante plana e com muito bom piso, mas levantou-se vento algo forte, e sempre de frente, dificultando-me a chegada a Arudy, onde mudei de direcção e alguns kms depois entrei numa estradinha panorâmica que sulcava uma floresta profunda, com árvores de enorme porte e vegetação cerrada, onde o sol era apenas uma miragem com um ou outro raio que atingia a estrada. Fenomenal!!!

À passagem por Lurbe St Christhau, a paisagem começou a mudar e a montanha começou a ter um nível inferior em termos de altitude, mas não em beleza.

A estrada melhorou bastante e apesar de ser sempre em constante sobe e desce pedalava com à vontade e depressa cheguei ao Auberge de L’Etable em Montory, onde fiquei alojado, após 121 kms de indescritíveis pedaladas por zonas de rara beleza.

Amanhã terminarei a minha aventura no que toca a dar ao pedal, com a chegada a S. Jean de Luz, regressando no dia seguinte a Castelo Branco.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos,
ou quem sabe,
no asfalto.
AC
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