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"Transpirenaica # Bagnéres de Luchon - Luz St Sauveur"

DIA 06 Set.
4. ETAPA.
BAGNÉRES DE LUCHON - LUZ ST SAUVEUR


O grande dia D!!!
Bagnéres de Luchon – Luz St Sauveur, uma etapa muito dura, onde as zonas de descanso são de muito pouca dura e o espírito de sacrifício é praticamente sinónimo de dureza.

Após um pequeno almoço, bem à francesa, com os seus famosos e saborosos “croissants”, arrumei a tralha na viatura e pelas 07h55, (hora portuguesa) fiz-me à estrada, pois em Luchon era dia de prova de ciclismo, a famosa “Route des Pirinées” e não queria ser impedido de prosseguir a minha marcha.


Após a saída do hotel e logo que entrei na D618, com umas escassas centenas de metros de pedalada, a primeira grande dificuldade do dia, o Col du Peyresourde com os seus 15 intermináveis kms de subida com percentagens a atingir os 12% nalgumas rampas.

Porém e apesar de sentir ainda nas pernas os kms já percorridos em etapas anteriores, fí-lo com algum à vontade e quanto mais me aproximava do cume, melhor me sentia.


Segui-se uma rápida descida com uma zona rolante, mas de poucos kms, pois ao chegar a Arreau virei à esquerda para a D918, início do famoso Col D’Aspin com 13 kms de ascensão com pendentes entre os 6 e os 12%.


Nova descida, bem rápida e com bom piso até Saint Marie de Campain, onde fiz uma pequena paragem para comer algo mais sólido.

Sem muito tempo de paragem dei início à terrível subida ao Col du Tourmalet, com os seus 15 kms nesta vertente de La Mongie, mas mais duros que na outra vertente, que subi o ano passado em Agosto.

Início de subida com pendentes entre os 7% e 9% nos primeiros 3 kms para logo endurecerem onde as placas indicativas colocadas km a km indicavam pendentes médias de 8%, 9,5% e 10,5% na sua maioria e com rampas de 14% e 15%.

Foi bastante duro chegar a La Mongie, onde numa relação 34/25 e apesar dum andamento certo e moderado, parecia que não me movia do mesmo lugar e que o cume estava cada vez mais longe.

Além da dureza da subida, tinha também que lutar contra a minha mente e contra a dor de pernas que começava já a sentir.
Mas desistir é palavra que não admiro e como tal, só em caso extremo poria pé em terra. Não vim de tão longe só para ver a paisagem. Isso já o fiz em viagens anteriores.

Finalmente, a conhecida estação de teleférico de La Mongie, ponto de partida para a fantástico observatório do Pic du Midi, estava mesmo à minha frente, faltava um duro km para a atingir e para minha alegria, a primeira coisa que realmente vi, foi a minha viatura com as minhas duas filhas e resolvi parar para me alimentar e desidratar, pois o calor era bastante e a minha roupa já vinha esbranquiçada do salitre da sudorização.

Comi algo, bebi igualmente e tomei um composto anti-láctico, pois as cãimbras começaram a fazer a sua aparição e ainda faltavam 4 kms para concluir, os mais difíceis e com maior pendente. Mas já tinha chegado até ali e nem as câimbras me iriam tirar a glória de chegar junto do "Geant du Tourmalet", a estátua metálica erguida a Octave Lapize lá bem no alto a 2117 m de altitude.
Ainda assim passei dois companheiros, que ainda iam a sofrer mais do que eu e após a malfadada última curva, avistei aquele monstro de metal que imortaliza Octave Lapize.

Uma última paragem, a triunfal, onde o ar cansado deu lugar a um longo sorriso de satisfação por ter conseguido pela segunda vez “conquistar” o mítico Tourmalet e nas suas duas vertentes e desta vez após ter já concluído numa única etapa duas passagens de montanha de 1ª. Categoria, a juntar ao Tourmalet, de categoria especial.

Até Luz St Sauveur, foi uma única e longa descida e a vontade de chegar era tanta que cheguei a esquecer-me da prudência e lancei-me por ali abaixo com ultrapassagens a viaturas automóveis e auto caravanas entre os 60 e os 70 kms/h, apesar da estrada bastante remendada, mas sem buracos, apenas tendo que desviar aqui e ali de algumas pedras no asfalto, uma situação habitual por estas bandas.

O sofrimento hoje foi um facto, mas a beleza das paisagens de alta montanha e os seus vales profundos pululados de pequenas povoações acinzentadas, sobressaíam naqueles tons esverdeados e acastanhados da flora pirenaica, sulcada por rios e ribeiros que em zig zag, acompanhavam o vale e banhavam aquelas bonitas aldeias e vilas.

Consoante ía ganhando altitude a paisagem ía mudando, dando lugar a zona de arbusto, até que apenas a erva singrava, pejada de gado vacum espalhado por qualquer lado por onde olhássemos.
As altas montanhas apareciam então completamente despidas, mostrando a sua majestuosidade e altura, algumas coroadas por nuvens que as circundavam no seu pico mais alto. Um sonho para a vista e para a imaginação.

Luz St Sauver, 13h55, Hotel de Londres.
Viatura parqueada e check in em dia.
95 árduos e intermináveis kms estavam já concluídos e desde logo a juntar aos já percorridos nesta bonita aventura pirenaica.

Guardei então a minha “Velo” (à francesa) numa arrecadação do hotel e subi ao quarto para tomar o meu merecido banhinho.
Entretanto as minhas filhas foram dar uma volta pela Vila e eu fiquei descansadamente a ver a Etapa da Volta à Espanha na TV.

O dia que para mim considerava o mais temível já tinha ficado para trás, amanhã segue-se uma única subida de 26 kms que encadeia o Col do Soulor e o Col D’Aubisque, seguindo-se após a longuíssima e perigosa descida um sobe e desce até Montory, final da quinta e penúltima etapa.

Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos,
ou quem sabe,
no asfalto!!
AC

Comentários

Anónimo disse…
Boas noites amigo e companheiro de algumas pedaladas, em primeiro lugar deixa-me dar-te os parabens, por mais uma excelente aventura a que te prepuseste e levaste por diante, tipo PENSO,logo EXECUTO rsrsr.
Pena n vivermos na mesma cidade, pois teria muito gosto em acompanhar-te por essas aventuras, mas aqui o pessoal só gosta de andar, tipo sair de casa as 09h e chegar as 12h, porque os putos assim a mulher assado a horta, o carro, as galinhas quer dizer tretas e mais tretas.
Se lhes falo numa eventura nem que seja só de um dia completo, responta geral tu es tonto, não tenho a tua vida hehehe e eu só me posso deixar riri mais nada.olha dia 4 lá estaremos na Sertã e depois lá falaremos sobre a nossa aventura algarvia e outras que entretanto possas ter em mente.
Um abraço
Chamusco
Es o maior.

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