
Hoje e surpreendentemente, apesar de sentir as pernas um pouco doridas senti que pedalava com alguma soltura e após alguns kms percorridos tive a sensação que esta etapa, apesar das suas dificuldades, estava ganha.

Após meia dúzia de kms percorridos, tive logo a primeira dificuldade do dia, o Col de Port, longo que se farta, mas com inclinações suaves, entre os 4% e 7%.

A fina chuva que apareceu sensivelmente a meio, o frio e o nevoeiro, cada vez mais cerrado, quanto mais me aproximava do alto, privaram-me da espectacularidade da paisagem envolvente e tornando a subida um pouco mais penosa.

Já na descida e consoante ia perdendo altitude, o dia ia aclarando e deixando ver entre aberturas no nevoeiro paisagens gigantescas criadas pelos grandes picos que sobressaíam por entre as nuvens.
Durante a descida, bastante perigosa e escorregadia, onde toda a atenção era pouca, cruzei-me com dezenas de ciclistas que se dirigiam ao alto do Col de Port.

Durante algumas dezenas de kms o percurso tornou-se mais plano e as estradas por onde rolei eram maravilhosas, sempre ladeadas por rios, onde aqui e ali via pescadores ataviados a rigor e que imersos nas águas do rio, tentavam enganar alguma truta mais distraída.

Com passagem por povoações de imensa beleza cheguei ao sopé do Col du Portet D’Aspet, que apesar de ter apenas seis kms, tem os últimos quatro na ordem dos 10%, o que aliado ao desgaste já acumulado, criava já alguma dificuldade, pelo que o subi com andamento moderado, pois ainda me faltavam cerca de 80 kms para o final e duas passagens de montanha para concluir.

A descida do Portet D’Aspet, bastante perigosa com longas pendentes a 17%, felizmente calhou-me em descida, aliada à humidade e folhas de árvore no asfalto, tornaram-na algo penosa.

Nessa descida fiz uma curta paragem para ver e prestar uma pequena homenagem ao malogrado Fabio Casartelli, ciclista italiano que faleceu naquela descida vítima de queda aparatosa na Volta à França no ano de 1995.
Naquele local foi levantado um bonito e imponente monumento em sua homenagem.

Passada mais esta dificuldade, foi rolar até à subida para o Col de Buret, este sem grande problema e com apenas dois kms, na vertente que subi, pois do outro lado apanhei uma reconfortante e longa descida até ao início do Col des Ares, a última dificuldade do dia.

A subida al Col de Ares foi longa e penosa, com pendentes entre os 5% e os 10 %, mas que apesar de já algo desgastado e com os músculos a indicarem que já não aguentariam grandes cargas, ou seja, a aconselharem-me a usar da moderação, fi-la com um ritmo certinho e apesar dos sintomas não tive grande dificuldade, nem baixei o ritmo.

Depois, foi descer e até Bagnéres de Luchon foi sempre a rolar em estrada larga e com pista para bicicletas, onde mantive sempre um andamento entre os 30 e os 35 kms/h, com uma pequena ajuda do vento que soprava ligeiramente naquela direcção.
139 kms foi a distância percorrida nesta fantástica etapa.

Depois do banhinho retemperador, deu ainda para dar uma voltinha pela Vila com as minhas filhas e mais uma vez jantar numa Pizzeria á base de massa.
Quando chegar a Castelo Branco e durante bastante tempo, não quero ouvir falar em esparguete. Irra!!!

Amanhã, segue-se a etapa rainha da travessia, com a subida aos Col’s do Peyresourde, D’Aspin e para finalizar o terrível Tourmalet. Oxalá as pernas aguentem!!!
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos,
ou quem sabe,
no asfalto!!
AC
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