Avançar para o conteúdo principal

"Transpirenaica # Tarascon Sur Ariége - Bagnéres de Luchon"

DIA 05Set.
3ª. ETAPA
TARASCON SUR ARIÉGE - BAGNÉRES DE LUCHON

Hoje e surpreendentemente, apesar de sentir as pernas um pouco doridas senti que pedalava com alguma soltura e após alguns kms percorridos tive a sensação que esta etapa, apesar das suas dificuldades, estava ganha.

Após meia dúzia de kms percorridos, tive logo a primeira dificuldade do dia, o Col de Port, longo que se farta, mas com inclinações suaves, entre os 4% e 7%.
A fina chuva que apareceu sensivelmente a meio, o frio e o nevoeiro, cada vez mais cerrado, quanto mais me aproximava do alto, privaram-me da espectacularidade da paisagem envolvente e tornando a subida um pouco mais penosa.

Já na descida e consoante ia perdendo altitude, o dia ia aclarando e deixando ver entre aberturas no nevoeiro paisagens gigantescas criadas pelos grandes picos que sobressaíam por entre as nuvens.

Durante a descida, bastante perigosa e escorregadia, onde toda a atenção era pouca, cruzei-me com dezenas de ciclistas que se dirigiam ao alto do Col de Port.

Durante algumas dezenas de kms o percurso tornou-se mais plano e as estradas por onde rolei eram maravilhosas, sempre ladeadas por rios, onde aqui e ali via pescadores ataviados a rigor e que imersos nas águas do rio, tentavam enganar alguma truta mais distraída.



Com passagem por povoações de imensa beleza cheguei ao sopé do Col du Portet D’Aspet, que apesar de ter apenas seis kms, tem os últimos quatro na ordem dos 10%, o que aliado ao desgaste já acumulado, criava já alguma dificuldade, pelo que o subi com andamento moderado, pois ainda me faltavam cerca de 80 kms para o final e duas passagens de montanha para concluir.

A descida do Portet D’Aspet, bastante perigosa com longas pendentes a 17%, felizmente calhou-me em descida, aliada à humidade e folhas de árvore no asfalto, tornaram-na algo penosa.

Nessa descida fiz uma curta paragem para ver e prestar uma pequena homenagem ao malogrado Fabio Casartelli, ciclista italiano que faleceu naquela descida vítima de queda aparatosa na Volta à França no ano de 1995.
Naquele local foi levantado um bonito e imponente monumento em sua homenagem.

Passada mais esta dificuldade, foi rolar até à subida para o Col de Buret, este sem grande problema e com apenas dois kms, na vertente que subi, pois do outro lado apanhei uma reconfortante e longa descida até ao início do Col des Ares, a última dificuldade do dia.

A subida al Col de Ares foi longa e penosa, com pendentes entre os 5% e os 10 %, mas que apesar de já algo desgastado e com os músculos a indicarem que já não aguentariam grandes cargas, ou seja, a aconselharem-me a usar da moderação, fi-la com um ritmo certinho e apesar dos sintomas não tive grande dificuldade, nem baixei o ritmo.

Depois, foi descer e até Bagnéres de Luchon foi sempre a rolar em estrada larga e com pista para bicicletas, onde mantive sempre um andamento entre os 30 e os 35 kms/h, com uma pequena ajuda do vento que soprava ligeiramente naquela direcção.
139 kms foi a distância percorrida nesta fantástica etapa.
Depois do banhinho retemperador, deu ainda para dar uma voltinha pela Vila com as minhas filhas e mais uma vez jantar numa Pizzeria á base de massa.
Quando chegar a Castelo Branco e durante bastante tempo, não quero ouvir falar em esparguete. Irra!!!
Amanhã, segue-se a etapa rainha da travessia, com a subida aos Col’s do Peyresourde, D’Aspin e para finalizar o terrível Tourmalet. Oxalá as pernas aguentem!!!
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos,
ou quem sabe,
no asfalto!!
AC

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Passeio de Mota pela Galiza"

Mesmo com a meteorologia a contrariar aquilo que poderia ser uma bela viagem à sempre verdejante Galiza, 9 amigos com o gosto lúdico de andar de mota não se demoveram e avançaram para esta bonita aventura por terras "galegas" Com o ponto de inicio no "escritório" do João Nuno para a dose cafeínica da manhã marcada para as 6 horas da manhã, a malta lá foi chegando. Depois dos cumprimentos da praxe e do cafezinho tomado foi hora de partir rumo a Vila Nova de Cerveira, o final deste primeiro dia de aventura. O dia prometia aguentar-se sem chuva e a Guarda foi a primeira cidade que nos viu passar. Sempre em andamento moderado, a nossa pequena caravana lá ia devorando kms por bonitas estradas, algumas com bonitas panorâmicas. Cruzamos imensas aldeias, vilas e cidades, destacando Trancoso, Moimenta da Beira, Armamar, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Parada de Cunhos, Mondim Basto e cabeceiras de Basto, onde paramos para almoçar uma bela ...

"Trilho das Bufareiras e Penedo Furado"

"Às vezes ouço passar o vento; e só de o ouvir passar, vale a pena ter nascido" (Fernando Pessoa) Numa espécie de homenagem ao primeiro dia de primavera, que se apresentou como tal, solarengo e luminoso, fui mais a minha "Maria" fazer um pequeno passeio pedestre, ali para os lados de Vila de Rei. Saímos de casa já com os ponteiros do relógio a aproximarem-se das 09h00 e fomos até à Padaria do Montalvão, onde tomei a matinal dose de cafeína. Seguimos depois para a Praia Fluvial do Penedo Furado, para caminharmos um pouco pelo Trilho das Bufareiras e percorrer os recém inaugurados passadiços do Penedo Furado. Já a manhã ia a meio quando iniciamos a nossa caminhada, que teve inicio na Praia Fluvial, seguindo durante umas centenas de metros a Ribeira de Codes, pelos novos passadiços, até ao pequeno ribeiro da zona das cascatas. São 532 metros lineares, que trazem ainda mais beleza ao local e facilitam o acesso às cascatas. Terminada a passagem p...

"Passeio de Mota à Serra da Lousã"

"Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela." (Albert Einstein) Dia apetecível para andar de mota, com algum vento trapalhão durante a manhã, mas que em nada beliscou este esplêndido dia de passeio co amigos. Com concentração marcada para as 08h30 na Padaria do Montalvão, apareceram o José Correia, Rafa Riscado, Carlos Marques e Paulo Santos. Depois do cafezinho tomado acompanhado de dois dedos de conversa, fizemo-nos à estrada, rumo a Pampilhosa da Serra, onde estava programada a primeira paragem. Estacionamos as motas no estacionamento do Pavilhão Municipal e demos um pequeno giro pelo Jardim da Praça do Regionalismo e Praia Fluvial, indo depois comer algo à pastelaria padaria no beco defronte do jardim Abandonamos aquela bonita vila, não sem antes efetuarmos uma pequena paragem no Miradouro do Calvário, com uma ampla visão sobre aquela vila tipicamente serra, cruzada pel...