2º. Dia - Seira - Plan - 64 kms - 1773m acumulado +
Este segundo dia levava-nos até Plan e tinha como ponto mais alto, o magnífico "Collado de Cullivert" a 1511m de altitude.
Saímos do Hotel Ventamillo, já a passar das 09h e começámos logo a descer, cerca de 9 kms em asfalto, até á central elétrica nas proximidades de Campo.
Numa curva arrematada à direita, entrámos na estradinha para a citada central, seguindo depois pela esquerda para as povoações de Senz e Viu.
A partir daqui, tivemos a companhia duma bonita perdigueira, que acabámos por chamar "Pachón", por crer ser essa a raça daquele canino.
A Pachón acompanhou-nos mais de uma dezena de kms e tornou-se uma excelente companheira, esperando por nós nas subidas, enquanto se entretinha a caçar e ladrando, quando a antecipávamos nas descidas. Tivemos pena de a deixar. Um belo e dócil animal, por quem granjeámos estima e no fundo, convivemos um pouco.

Em Viu, saímos para a esquerda para um trilho bonito e bastante sombreado, que ladeava uma ribeira repleta de exuberante vegetação, onde a Pachón se entretinha a caçar.
Por cada km conquistado, o seguinte era ainda mais duro e com algums paredes cheias de pedra rolante e regos que nos faziam dançar e puxar pelo "cortiço", para não apear.
Foi uma constante, durante seis kms, até que o céu se abriu e atingímos o paraíso, o lindíssimo "Collado de Cullivert". Simplesmente brutal!!!
Um enorme relvão, onde não se vislumbrava qualquer trilho, apenas marcas de passagem das vacas, que também por ali não andavam.
A paragem foi obrigatória, para uns minutos de contemplação, com os nossos olhos a perderem-se sobre as imensas serranias, onde sobressaíam a Peña Solana, La Collada, Peña Montañesa e o "fantasmagórico" Maciço de La Cotiella.
À entrada dum frondoso bosque, um pouco mais abaixo, lá estava o trilho, junto à placas indicativas do PR139 para o Collado del Santo S. Juan de Toledo e do Collado de Cereza.
Um arrepiante single track pelo PR139, até ao Collado de Cereza.
Neste percurso, encontrámos 3 bikers hungaros, que já vinham de França e se dirigiam a Barcelona pelos trilhos da Transpirenaica.
Entretanto, apareceram mais dois companheiros espanhóis, com quem já nos tinhamos cruzado na subida a Senz e que faziam a Transpirenaica. O grupo desfez-se após um "que desfrutes" para os espanhóis e um "nice trip" para os hungaros e continuámos a nossa aventura em direção a Plan.
Continuámos em descida vertiginosa, cheia de pedras, lages com drops e curvas arrematadas, até a um refúgio para cavalos selvagens (garranos).
Alí existia uma fonte de fresca àgua, oriunda da montanha, com que nos refrescámos e atestámos os camelbags, na companhia de aguns cavalos, que sairam do abrigo e nos rodearam com alguma curiosidade.
Saímos dali em subida, para seguidamente entrarmos numa rápida descida para Lafortunada, onde chegámos através dum muito técnico single track, que terminava na ponte sobre o Rio Cinca.
Efetuámos o controle do chip no Hotel Badain e continuámos agora em asfalto, durante 18 kms, quase sempre ladeando o rio, até entrarmos no Desfiladeiro de Las Devotas, um local imponente e que mantinha respeito, pedalando em forte pendente pela escarpa montanhosa, atravessando vários tuneis, escavados na rocha, até chegarmos à "Presa de Plan de Escun".
Aqui, tomámos o trilho da direita, que num soberbo single track, nos levou a Plan, agora ladeados pelo rio Cinqueta.
Cruzámos a ponte sobre o rio e estávamos em Plan, uma lindissima aldeia de montanha, onde ficámos alojados, no magnífico Hotel Mediodia de um encanto inexplicável e com uma envolvente paisagística de sonho.
Depois do banhimho retemperador, lá sossegámos, sentados numa bonita "terraza" mordiscando um suculento bocadillo, enquanto sorvia calmamente "una caña de jarra".
O jantar foi perfeito, também ele na "terraza", com o pensamento já no dia seguinte, onde cada jornada que passava, éramos sempre surpreendidos pelo explendor das montanhas por onde pedalávamos e que nos envolviam, através dos seus frondosos bosques, pequenas aldeias e povoados, que pareciam sair dos filmes da "Heidi", na minha infância e trilhos que nunca vou conseguir esquecer.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos
. . . ou fora deles.
AC
Filme
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