Avançar para o conteúdo principal

"Natureza selvagem"

Não resisto a uma boa jornada de aventura e evasão.
A previsão para o passado domingo era animadora e com ela, a vontade de ir vadiar com a minha "santa" começou a tomar forma.
Tenho uns quantos trilhos em outras quantas zonas para editar, como costumo chamar-lhe.
Escolhi desta vez o bonito Alentejo e como local de partida e chegada, a belíssima vila de Castelo de Vide.
Convidei o meu irmão Luís para esta aventura e acabaram por se juntar a nós o Nuno Eusébio e o Zé Luís, que vieram animar e enriquecer ainda mais esta voltinha vadia.
O meu irmão foi diretamente da Sertã para Castelo de Vide e eu e o Zé Luís fomos na viatura do Nuno Eusébio.
Juntámo-nos na Pastelaria Sol Nascente e começámos a manhã com uns "kisses", pastel xxl tradicional de nata e gila, que acompanhámos com o cafezinho da praxe.
Preparámos as bikes e restante material e partimos à aventura, em busca de novos trilhos e outras paragens.
Saimos da vila por uma das suas estreitas ruelas e entrámos na estrada que segue para a Beirã, para umas centenas de metros mais à frente, num desvio à esquerda, entrarmos nos estradões panorâmicos que servem as inúmeras quintas da região.
Passámos o Moinho de Vento e Ribeiro da Goleiba e seguimos em direção ao Rio Sever, contornando o Cancho da Moita, Alto do Corregedor, Monte do Cadaval, Monte do Garriancho e Tapada Grande, entre outros.
Chegámos à Herdade da Meada e parámos junto ao seu enorme menir, considerado o maior da Península Ibérica, com os seus 7,5 metros e 18 toneladas de peso.
Ali tirámos uma foto de grupo, para mais tarde recordar e fizemos-nos de novo aos trilhos.
Depois de umas engraçadas pedaladas em zona de planície, encontrámos a Ribeira de Vide, seguindo-a, sempre junto à sua margem esquerda, até á sua foz, no internacional Rio Sever.
A paisagem foi mudando radicalmente, onde o único vestígio da civilização passou a ser uma extensa aramada que delimitava uma enorme reserva turística, junto às linhas de água por onde pedalávamos. As construções desapareceram, mesmo as de outrora e a única vida que por ali encontrámos foram duas manadas de veados, que nos encheram o olho. Como é diferente vê-los no seu estado selvagem. Espetacular.
A zona era essencialmente montanhosa e os trilhos, nas sua maioria sem vestígio de passagem de outros veículos, enchiam-nos a alma e davam-nos um prazer imenso por pedalarmos naquela zona tão inóspita.
Chegámos à foz da Ribeira de Vide e ali encontrámos um belo e aprazível recanto. Muito bonito.
Uma mesa ali foi construída com um pequeno assador de serventia foi o que encontrámos naquele paradisíaco local.
Talvez construído por caçadores ou pescadores, portugueses ou espanhóis, vá-se lá saber!
Absorvemos aquela energia selvagem enquanto "devorávamos" uma sandocha!"
Antes de continuarmos, o Nuno Eusébio teve de dar o seu mergulho em águas internacionais e relaxar os músculos para o restante percurso, que não se avizinhava nada fácil.
Já ladeando o Rio Sever, seguíamos agora o seu curso em direção à Barragem de Cedillo, a sua foz no Rio Tejo.
Com as últimas chuvadas os caudais dos rio e ribeiras aumentaram significativamente o seu volume.
O caudal do Rio Sever era um deles e cantava pelas rochas e açudes pelo seu curvilíneo percurso. Era magia para os nossos olhos e adrenalina para os nossos sentidos.
Por ali, nem vivalma. Nem um barulho que nos indicasse algo que se identificasse com a civilização.
Chegámos á foz da Ribeira de S. João e ali mudámos o nosso rumo, seguindo agora em sentido inverso, sempre ladeando esta bonita ribeira de volumoso caudal até á zona dos Barrinhos.
Durante o percurso já efetuado, encontrámos inúmeras ossadas de veados e o meu irmão e o Zé Luís, acabaram por trazer dois crânios com as respetivas hastes para recordação.
Como o Zé Luís não levava mochila, lá teve o meu irmão que vir carregado com uma carrada de "cornos" ajeitados de qualquer forma ao seu camelback.
Subimos ao VG do Malabrigo e descemos para a Quinta da Cerejeira.
Já com a serra onde se encontra disposta a Vila de Castelo de Vide a mostrar-se no horizonte e com o terreno a ficar mais plano, passámos ainda pelo Monte do Pomarinho, Monte da Sardinheira, Sanguinhal, Quarteleiros e Vale do Pereiro.
Já estávamos à entrada da Vila e faltva ainda a última dificuldade para terminarmos esta bonita aventura. A calçada medieval de acesso a um dos portais da muralha.
Não era nada fácil e sobretudo já com os kms e acumulado que trazíamos nas pernas.
No Brejo começámos a subir para a formosa vila culminando por uma espetacular calçada medieval e entrando na povoação por uma das sua portas ogivais descemos à praça principal por uma estreita ruela, cheia de encanto e beleza.
Depois de arrumar as bikes e restante material, voltámos à pastelaria Por do Sol, não para devorar novo Kisse, mas desta vez, optámos por uma suculenta sopa de legumes e um prego grelhado no pão, que acompanhámos com umas "jolas."
Assim terminou mais uma das minhas voltinhas vadias, desta vez acompanhado pelo meu irmão e amigos Zé Luís e Nuno Eusébio.
Foram 61 kms de belos trilhos, paisagens maravilhosas, locais idílicos num ambiente inóspito e natureza selvagem.
Depois das despedidas, o meu irmão regressou à Sertã e nós a Castelo Branco, deixando no ar a promessa de novas aventuras.
 
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC

Clip de filme:
 

Comentários

Silvério disse…
Grande e bonita volta, com direito a recordações materiais e tudo, para além das que vêm na alma e na retina.
Abraço
Silvério

Mensagens populares deste blogue

"Passeio de Mota pela Galiza"

Mesmo com a meteorologia a contrariar aquilo que poderia ser uma bela viagem à sempre verdejante Galiza, 9 amigos com o gosto lúdico de andar de mota não se demoveram e avançaram para esta bonita aventura por terras "galegas" Com o ponto de inicio no "escritório" do João Nuno para a dose cafeínica da manhã marcada para as 6 horas da manhã, a malta lá foi chegando. Depois dos cumprimentos da praxe e do cafezinho tomado foi hora de partir rumo a Vila Nova de Cerveira, o final deste primeiro dia de aventura. O dia prometia aguentar-se sem chuva e a Guarda foi a primeira cidade que nos viu passar. Sempre em andamento moderado, a nossa pequena caravana lá ia devorando kms por bonitas estradas, algumas com bonitas panorâmicas. Cruzamos imensas aldeias, vilas e cidades, destacando Trancoso, Moimenta da Beira, Armamar, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Parada de Cunhos, Mondim Basto e cabeceiras de Basto, onde paramos para almoçar uma bela &quo

"Rota do Volfrâmio <> Antevisão"

A convite do meu amigo Nuno Diaz, desloquei-me no passado sábado à bonita Praia Fluvial de Janeiro de Baixo para marcar um percurso em gps a que chamou "A Rota do Volfrâmio". É um percurso circular inserido em paisagens de extrema beleza e percorrido em trilhos diversificados maioritáriamente ladeando a Ribeira de Bogas e o Rio Zêzere em single tracks de cortar a respiração. Soberbo!!! Como combinado, pelas 07h passei pela Carapalha, onde mora o Nuno, para partirmos na minha "jipose" em direcção à Aldeia de Janeiro de Baixo. Parámos ainda no Orvalho para bebermos o cafézinho matinal e pouco depois lá estávamos nós a estacionar a "jipose" no parque da bonita Praia Fluvial de Janeiro de Baixo. Depois de descarregar as bikes e prepararmos o material, lá abalámos calmamente em amena cavaqueira, guiados pelo mapa topográfico rudimentarmente colocado no "cockpit" da bike do Nuno, pois parte do percurso também era desconhecido para ele, pelo menos a pe

"Açudes da Ribeira da Magueija"

Com o dia a acordar liberto de chuva e com nuvens pouco ameaçadoras, juntei-me ao Jorge Palma, Vasco Soares, António Leandro, Álvaro Lourenço, David Vila Boa e Ruben Cruz na Rotunda da Racha e resolvemos ir tomar o cafezinho matinal ao Cabeço do Infante. Fomos ao encontro do Paulo Jales, que se juntou ao grupo na Avenida da Europa e lá fomos em pedalada descontraída e na conversa dar a nossa voltinha asfáltica. O dia, bastante fresco mas solarengo, convidava mesmo a um bom par de pedaladas. Passámos a taberna Seca e descemos à velha ponte medieval do Rio Ocreza, onde fomos envolvidos por um denso nevoeiro junto ao leito do rio e por um friozinho que se foi dissipando na subida aos Vilares, assim como a neblina, que nos abandonou logo que iniciámos a subida. Passámos por S. Domingos e paramos mais à frente, no Cabeço do Infante para a dose de cafeína da praxe. Dois dedos de conversa e cafezinho tomado, foi o mote para voltarmos às bikes. O David e Ruben separaram-