Esta etapa foi muito dura para mim, apesar dos seus 50 kms de extensão.
Deixámos para trás a "terrível" e maravilhosa Sierra de Pallars e apontámos o azimute ao também "terrivel" Coll de Oli, não pela pendente, mas pela dificuldade técnica.
Ascendemos a Aguiró, um pitoresco "pueblo" pirenaico, onde atestei os bidons de água fresca.
Logo à saída da povoação e num desvio à esquerda, entrámos num longo single track, muito técnico e muito pouco ciclável.
Tive que carregar a bike umas quantas vezes, transpondo alguns drops e lages de pedra inclinada.
Numa das dificeis passagens, com a ajuda do Carlos para descer a bike para um trilho, tipo leito de ribeiro e com água, apanhei um choque numa vedação eletrificada. Chiça!!! Até bati com os joelhos um no outro. O Carlos ria-se!!!
O meu sapato direito estava já "moribundo". A sola estava quase despegada do resto, apenas presa pelo calcanhar. Estava a ver o caso mal parado.
Numa obra de "engenharia", lá gastei umas quantas braçadeiras plásticas a tentar unir a sola ao resto do sapato. Foi uma secção do percurso muito desgastante. Carregar cerca de 25 kgs e parar quase de 100 em 100 metros para ajeitar as braçadeiras no sapato, pôs-me quase a deitar fumo pelas orelhas, mas mantive a calma e a compostura.
Ainda antes de chegar ao Coll de Oli, apanhei outro choque numa vedação eletrificada. Irra!!!
Mais um sorriso rasgado do Carlos. Talvez a descarga me tivesse ajudado a carregar baterias.
Transposto o Coll, o percurso não melhorou nada, apenas a inclinação passou de positiva a negativa, até que chegámos a um trilho denominado "Pista de Castellnou de Avellanós".
Passámos por La Mola d'Amunt e entrámos em asfalto que seguimos até Sentis, onde eu e o Carlos andámos um pouco baralhados com o track do gps.
Encontrado o caminho certo, entrámos num estradão um pouco pedregoso e subimos ao Coll de Sas, passando por um pequeno povoado, com indícios de estar praticamente desabitado e com o mesmo nome.
A partir daqui, as dificuldades amentaram com o estradão coberto de "brita" ou "sarrisca", que nos dificultou bastante a progressão.
Parámos num relvão em Erta, uma povoação com as características da primeira, onde não se viu vivalma, mas com algumas casas arranjadinhas, tipo aldeias de xisto cá do nosso cantinho.
Descansámos um pouco e comemos a sandes "pic-nic" que levávamos connosco e toca a continuar a subir até ao Coll des Fades.
Descemos uns kms "dançantes", fruto da brita espalhada no trilho. Então com alforges. Ui, Ui!!!
Quando se desce, quase sempre se tem que se subir, e não fugimos à regra, começando a subir em direção ao Coll de Paranera, com passagem por Castellars e em Raons, desviámos para Gotarta.
Foi a partir desta povoação que demos início aos últimos kms em descida que nos levaram até El Pont de Suert, o final da nossa etapa.
Estávamos já a entrar na Alta Ribagorza.
O Bruno viu o problema dos travões agudizar-se kms após km, obrigando-o a parar umas quantas vezes para descer ao lado da bike, pois estava completamente sem travões.
Tentou-se ainda, já em El Pont de Suert, contatar alguém que pudesse resolver o problema, mas não foi possível, adiando para o dia seguinte logo pela manhã, a tentativa de solucionar o problema.
Ficámos alojados no Hostal Canigó, onde a sua proprietária, a Concha, foi muito simpática e prestável.
Para o dia seguinte esperavam-nos uns duros e adrenalínicoas 93 kms até Escalona.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos,
ou fora deles.
AC
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