Aproveitando a disponibilidade e o espírito aventureiro do Dário Falcão, resolvemos rumar ontem até à bonita aldeia alentejana de Póvoa e Meadas, para dar início a mais uma das minhas voltas vadias.
Saímos da cidade pelas 07h00 e parámos em Vila Velha de Rodão para o cafezinho matinal e bolinho da praxe.
Seguimos depois para Nisa e Póvoa e Meadas, onde parámos a viatura, junto à praça principal.
O tempo ameaçava chuva, mesmo com algumas pinguinhas a querer estragar-nos o dia . . . mas tal não iria acontecer, pois estávamos determinadas a dar umas boas pedaladas por aquele belo recanto do norte alentejano.
Depois das bikes preparadas e restante tralha arrumada, fizemo-nos aos trilhos.
Saímos da aldeia para o estradão que se inicia junto ao cemitério local e seguimos para o Carvalhal, sempre em bonitos estradões entre esparsos carvalhais.
Com uma paisagem maioritariamente de montado, passámos pelo Monte do Panasco, Sanguinhal, Canto das Nogueiras e Penedo do Monteiro, subindo às imediações de Castelo de Vide pela inclinada subida que e inicia na zona de salvador do mundo e que nos manteve sempre ativos entre os 15 e os 22% de inclinação. valeu-nos o fato de ser rudimentarmente alcatroada. Ufff, que canseira!
Rolamos um pouco por asfalto até ao Alto do Moinho de Vento, onde fletimos à esquerda para mais uma série de bonitos estradões em direção ao Ribeira da Goleita, Barregão e Souto do Morato.
Subimos ao cancho da Moira por asfalto e parámos na Beirã para uma sandocha e uma jolinha, a modos que para manter a coisa a funcionar.
A partir daqui os trilhos foram mudando, transformando-se em canchais e muros de pedra, com as trialeiras a tomarem conta do percurso.
Passámos pela Fonte do Salgueiro de Cima, pelo Vale da Escusa e Cabeçudos, para enfrentarmos logo depois uma trepidante e bastante técnica trialeira pela Vedeira e Fonte do Concelho.
O zona pedregosa amaciou mais um pouco, transformando-se numa dura calçada romana em direção à Vila de Marvão, subindo pela vertente norte da fantástica Serra do Sapoio com as suas coloridas matas de castanheiros, com passagem pela Fonte do Concelho.
Estava conquistada a primeira muralha, a da Vila de Marvão. Entrámos com um sorrido nos lábios pelas bonitas portas de entrada da vila, subindo ao castelo e descansando um pouco no seu bonito jardim, enquanto apreciávamos aquela fabulosa panorâmica a perder de vista.
Lá ao fundo, bem altaneira, numa das belas colinas da Serra de São Mamede, avistava-se a formosa Vila de Castelo de Vide, também conhecida como "A Sintra do Alentejo" tal é o seu encanto e esplendor.
Demos uma volta à vila pelas suas estreitas ruelas de casario branco florido e saímos pelo pórtico por onde antes tínhamos entrado.
Íamos agora em direção a Castelo de Vide.
Se até aqui, diversão não faltou, não tenho agora palavras para descrever a sensação e a adrenalina sentidas na descida á zona do Minhota pelo fenomenal single trialeiro, omitindo o bom senso e arriscando por aqueles calhaus abaixo na roda do exímio Dário, que exulta nestes trechos de caminhos milenares.
Foi uma loucura e divertimento brutais. Até me esqueço que a minha juventude, aquela que se mede pelo tempo vivido e rugosidade da pele, já lá vai há uns bons anitos. Mas a outra juventude . . . aquela que nos faz viver na realidade e manter todas estas sensações intactas . . . essa, ainda por aqui anda, neste esqueleto que ainda teima em manter-se unido, se bem que às vezes, quase que por arames, depois de algumas aventuras mais trialeiras.
Ainda com um brilho quase lacrimejante nos olhos, passámos pela Sarneira e pelo Picoto, antes de subirmos a Castelo e Vide.
Assentámos arraial na Pastelaria Sol Nascente para atestar algo mais sólido . . . estava na hora de almoçar.
Começamos com uma esplêndida sopa de gaspacho, que estava uma delícia e secundámos com um "pica pau" de carne de porco e batatinhas fritas, ara terminar com um cafezinho pós refeição acompanhado de meio "kiss" o pastel ex-libris da vila de nata com gila.
Já bem saciados e com os ponteiros do relógio a moverem-se em direção ao ocaso, abandonámos Castelo de Vide subindo as suas pitorescas ruelas e cruzando os seus portais góticos de beleza impar descendo depois pela calçada romana até á zona do Brejo.
A zona de orografia um pouco mais difícil já a tínhamos ultrapassado e voltámos de novo às zonas de montado, pedalando agora em direção à Barragem de Niza, ou de Póvoa e Meadas, pois é conhecidas pelos dois nomes.
Passámos a senhora da Luz, Monte da Lameira, Machoquinho, Monte da cabeça e Navens Ferreira, quando avistámos a aquela bonita bacia hidrográfica.
Fomos então explorar um velho single track que acompanhava a margem esquerda da barragem e onde já tinha passado hà uns bons anitos, mas dele apenas vestígios.
Depois de ladearmos o Monte Nove e Valecales, passámos pelo estreito paredão da barragem, que dá acesso ao parque de campismo, já sem o fulgor de outrora, mas ainda em funcionamento.
Já por asfalto concluímos os últimos três kms que nos separavam da povoação, entrando em Póvoa e Meadas já ao fim da tarde com a barriguinha cheia de bons trilhos e adrenalínico single tracks, que nos divertiram durante 68 kms, proporcionando-nos um excelente dia de btt em modo vadio.
Depois de arrumarmos a tralha e prender as bikes na viatura do Dário, fomos ainda à "abaladiça" no café defronte do local onde tínhamos o carro estacionado e regressámos à cidade, após mais um dia pleno de aventura e divertimento.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC
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