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"O outro lado da Estrêla"

Ontem, acompanhado dos amigos Nuno Maia, Hugo Botelho e Nuno Antunes, ambos emigrados na Suíça e a passar uns dias de ferias cá no nosso "cantinho", fui fazer uma volta vadia, privilegiando o outro lado da Serra da Estrêla e visitando algumas das suas bonitas aldeias históricas.
De Castelo Branco, sai eu, o Nuno Maia e o Nuno Antunes, pelas 06h15, rumo ao Vale da Amoreira, onde montamos o ponto de chegada e partida desta aventura pelas estradinhas serranas da zona.
O Hugo Botelho, vindo de Admoço, foi a nosso encontro, com hora marcada para as 07h30.
Quando estávamos já próximo do vale da Amoreira, o Nuno Antunes conheceu um companheiro que pedalava em direção a Manteigas, também ele emigrante na Suíça e que nos acompanhou durante grande parte do percurso.
Depois da apresentação daquele novo companheiro, o João e das bikes preparadas, tomamos o cafezinho matinal, logo ali, no Café Ideal, antes de nos fazermos à estrada.
Em andamento descontraído pedalamos em direção a Manteigas, onde entramos, por S. Gabriel, com passagem pelo Sameiro.
A névoa de fumo que cobria vales circundantes, davam bem a ideia da grandeza do fogo que assolava a região, um flagelo para a floresta, populações e toda a gente envolvida para o dominar.
Um pouco apreensivos, relativamente ao percurso que tínhamos delineado para este dia, tentamos alhear-nos um pouco desse flagelo, mas no fundo também sofríamos ao ver as longas e grossas colunas de fumo, lá no alto, nas traseiras da Pousada de S. Lourenço e zona de Gouveia, para onde nos dirigia-mos.
Demos início a bela subida à Pousada de S. Lourenço, bem sombreada e onde o calor que nos aguardava para as horas seguintes ainda não tinha chegado àquele fantástico lugar.
Sempre em amena cavaqueira lá fomos subindo e  contornando as muitas curvas que completa a subida e depois de passar pela pousada, continuamos até à fonte da nascente do Mondeguinho, onde atestamos bidons.
Logo a seguir, paramos junto aos feirantes, nas Penhas Douradas e fomos beber uma bebida fresca e uma bela sandocha mista de presunto e queijo da serra, que dividimos entre nós.
Ali nos inteiramos da grandeza do incêndio e da forma violenta como ele deflagrava, com o vento a levá-lo em direção à zona de Manteigas.
Começamos a descer em direção a Gouveia e depois do cruzamento para o Sabugueiro, já a estrada serpenteava por terreno queimado.
Entretanto fomos alertados de que havia focos de incêndio junto à estrada e que não deveríamos descer.
Analizámos friamente a situação, pois havia visibilidade em toda a extensão que queríamos descer até Gouveia e que estava toda ela vigiada por bombeiros, proteção civil e guarda republicana.
Resolvemos descer e em segurança, pois em nenhum momento estivemos em perigo, mas aquela zona tinha um aspeto bastante desolador e com o fogo ainda em atividade.
Passamos Gouveia e a partir daqui, passamos a outro mundo e começamos a afastar-nos daquele negro local.
Chegamos à aldeia de Nabais e aqui fletimos à direita em direção à histórica Vila de Folgosinho, que sobranceira e majestosa, se ergue a Nascente e Sul, numa enorme cordilheira em que sobressaem os montes de S. Domingos (1270m), S. Tiago (1490m) e a Santinha (1590m), donde descem três ribeiras que, na sua passagem, movem moinhos e irrigam as margens declivosas e profundas, seguindo em direcção a Melo e ao Freixo: a dos Limites, a das Moitas e a da Fórnea que mais á frente vão engrossar o caudal do Mondego que já passou na Assedace, abraçou Celorico da Beira e inflecte, pressuroso, em direcção a Coimbra onde pára, para ouvir as canções dos estudantes e os gemidos das guitarras coimbrãs, em noites de fados e serenatas, e vai finalmente precipitar-se, no Oceano, na Figueira da Foz, extenuado da longa caminhada.
(...)

Chegamos à aldeia depois de enfrentarmos uma dura subida, que na parte final nos fez suar a estopinhas com os seus 21% de inclinação.
Vistitamos a parte central da aldeia, com passagem pelo largo onde se encontra o famoso restaurante do "Albertino", a Fonte do Pedrão e o Pelourinho.
Descemos pelas suas ingremes e estreitas ruelas de antigo empedrado e rumamos a Linhares da Beira, outra aldeia histórica, com passagem por Freixo da Serra e Figueiró da Serra.
A subida a esta histórica aldeia, foi bem mais suave e a passagem pelas suas medievais ruas foi bstante prazenteiro.
Já não me deslocava a Linhares desde que por ali passei, num dia bastante chuvoso, quando fiz o GR.22 (Rota das Aldeias Históricas).
Linhares da Beira, aldeia histórica do concelho de Celorico da Beira, é um autêntico museu ao ar livre. Com um passado rico bem guardado até aos nossos dias, cada uma das pedras das magníficas ruas que aqui existem, contam histórias fantásticas, e revelam a importância que esta aldeia teve no passado.

Situada na vertente ocidental da Serra da Estrela, à altitude de 180 metros, esta vila de fundação medieval oferece ao visitante magníficas paisagens montanhosas, típicas da Beira, de ar puro, e águas frescas e puras, cultura, artes medievais e renascentistas.

Linhares orgulha-se do seu imponente e poderoso castelo de arquitectura essencialmente militar, mas também românico e gótico. O castelo ocupa um cabeço rodeado por penedos graníticos escarpados, com exceção da encosta onde se situa a povoação.

Depois de percorrer algumas das suas lindíssimas ruelas, tiramos a foto de grupo junto ao seu imponente castelo e retomamos a nossa aventura, descendo de novo à estrada que segue para Videmonte, pois não havia outra alternativa.
Por uma bonita estrada e com uma fenomenal panorâmica tomamos o rumo a Videmonte.
Alguns kms mais á frente, chegámos à pequena aldeia de Assanhas, tendo eu dito aos meus companheiros de pedalada "a partir daqui é que isto vai ficar assanhado!"
As duras rampas a perder de vista, inicialmente com pendente acima dos 10% levou-nos durante um bom par de kms até Uma zona mais plana, onde pudemos respirar um pouco, antes de chegarmos ao cruzamento da Carrapichana, onde numa viragem à direita, tivemos que enfrentar uns seis ou sete kms de pura ascensão, em estrada com mau piso e onde a pendente não baixava dos 9%. 
Deste lado da Serra também se sobe . . .e bem e a paisagística é bem diferente.
Chegamos à cumeada já a clamar por água, mas depressa chegamos a Videmonte, onde inicialmente paramos no parque de merendas à entrada da aldeia para abastecermos de água.
Videmonte encontra-se no extremo Oeste do Concelho, siobranceira ao vale do Mondego, em plena Serra da Estrela, confinando os seus limites, muito largos, com Gouveia, Folgosinho, Linhares e Manteigas. 
Descemos então à aldeia e paramos num bonito recanto, já meu conhecido, onde numa bela tasca, comemos umas belas tapas de presunto, chouriço e queijo da serra, empurradas por umas belas jolas fresquinhas, enquanto as nossas bikes descansavam tranquilamente, encostadas aleatóriamente pelo pequeno largo de aldeia.
Já só nos faltava uma pequena ascensão até à aldeia de Trinta, antes de nos distrairmos em sentido ascendente até Valhelhas.
Antes, ainda paramos no mirador junto á entrada para a aldeia de Trinta, para uma pequena mirada e uma foto de grupo.
Passamos a aldeia e nos Meios, viramos para Fernão Joanes e Famalicão da Serra, onde chegamos depois de um bom teste aos travões das nossas bikes, nas inclinadíssimas curvas em cotovelo que antecedem a aldeia.
Até Valhelhas foi em modo contemplativo e já na N.232, que segue para Manteigas, pedalamos a última meia dúzia de kms que nos separavam do Vale da Amoreira.
Depois de arrumadas as bikes e o restante material, mudamos de visual e fomos até à tasca, onde calmamente degustamos uns belos peixinhos fritos e umas feveras de palitar, acompanhadas da bela da jola da praxe.
Uma bela manhã com prolongamento, pedalando pelas bonitas e panorâmicas estradas da Serra da Estrela, na agradável companhia dos amigos Hugo Botelho, Nuno Maia e Nuno Antunes, a que se nos juntou numa parte do percurso o João, que se separou do grupo antes da subida a Linhares da Beira.
114 kms, foram mais que suficientes para esta manhã divertida, em que visitamos algumas das mais belas aldeias históricas do parque natural da Serra da Estrêla e outras, provando a sua bela gastronomia e sobretudo, divertindo-nos com um dos desportos que nos apraz praticar. O cicloturismo lúdico e de aventura.
O Hugo Botelho e o Nuno Antunes estão de regresso à Suiça, mas espero que no próximo ano ainda esteja à altura de com eles partilhar mais um belo par de aventuras velocipédicas.
Fiquem bem.
Vêmo-nos nos trilhos, ou fora deles.
AC 

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